Um barco humanitário com destino a Gaza, com 12 ativistas a bordo, incluindo a sueca Greta Thunberg, vai continuar a sua viagem "até ao último minuto", garantiram, este domingo, depois de Israel ter ordenado aos seus militares que bloqueassem a embarcação.
Corpo do artigo
"Vamos permanecer mobilizados até ao último minuto, até que Israel corte a internet e as redes", disse a deputada europeia Rima Hassan à AFP a partir do barco.
O Madleen, parte da Coligação Flotilha da Liberdade, deixou a Sicília na semana passada com uma carga de mantimentos de emergência para "romper o bloqueio israelita a Gaza", onde a guerra entre Israel e o Hamas entrou no seu 21.º mês. "Somos 12 civis a bordo. Não estamos armados. Há apenas ajuda humanitária", disse Hassan.
O ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, ordenou aos militares que bloqueassem a chegada do barco a território palestiniano. "Digo claramente: voltem porque não chegarão a Gaza", disse Katz.
A coligação respondeu, num comunicado no X, afirmando esperar "interceção e um ataque de Israel a qualquer momento" e pedindo aos governos dos que estavam a bordo que os protegessem. No barco estão cidadãos da Alemanha, França, Brasil, Turquia, Suécia, Espanha e Países Baixos.
"Não temos medo deles", disse a ativista alemã de direitos humanos Yasemin Acar, também a bordo. "A mensagem que nos enviam — de que não nos podemos aproximar — não nos faz recuar", acrescentou.
A eurodeputada francesa Hassan manifestou preocupação com a falta de resposta oficial dos países cujos cidadãos fazem parte da tripulação. "Nenhum Estado respondeu. A mensagem que está a ser enviada é que Israel está a ser autorizado a agir impunemente, sem qualquer garantia de proteção para nós", continuou.
No domingo, o ministro francês do Comércio Externo e dos Franceses no Estrangeiro, Laurent Saint-Martin, afirmou que França estava obrigada a garantir "proteção consular" aos seus cidadãos a bordo do Madleen. "Os seis cidadãos franceses neste barco têm direito a proteção consular", disse..
A guerra de Gaza foi desencadeada pelo ataque do Hamas a Israel, a 7 de outubro de 2023, que resultou na morte de 1218 pessoas do lado israelita, a maioria civis, de acordo com uma contagem da AFP com dados oficiais. No domingo, o Ministério da Saúde de Gaza, controlada pelo Hamas, afirmou que o número total de mortos na guerra de Gaza atingiu os 54.880, a maioria civis. A ONU considera estes números fiáveis.
Israel impõe um bloqueio naval a Gaza desde antes do ataque do Hamas. A Coligação Flotilha da Liberdade foi fundada em 2010 para se opor a este bloqueio e prestar ajuda humanitária.
Israel tem enfrentado uma crescente condenação internacional devido à crise humanitária em Gaza, onde as Nações Unidas alertaram que toda a população de mais de dois milhões de pessoas corre o risco de fome.