Barreira linguística: norte-coreanos terão matado soldados de unidade russa por engano
Militares norte-coreanos que lutam ao lado das forças russas na região de Kursk terão matado oito membros de uma unidade russa, num ataque de “fogo amigo”, no sábado, afirmam os serviços de informações militares ucranianos.
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Devido a problemas relacionados com a barreira linguística entre russos e norte-coreanos, o grupo de soldados abriu fogo contra membros da unidade de mercenários chechenos Akhmat. O ataque terá matado oito soldados do lado russo, numa informação que não foi possível verificar de forma independente. A mesma fonte adianta que as questões linguísticas têm sido um "obstáculo difícil", durante as operações militares no campo de batalha.
O presidente ucraniano afirmou, ontem, que há um "número significativo" de tropas da Coreia do Norte a combater na região de Kursk. “Hoje, já temos dados preliminares de que os russos começaram a utilizar soldados norte-coreanos nos seus ataques”, disse. "Temos informações que sugerem que a sua utilização poderá estender-se a outras partes da linha da frente".
De acordo com o chefe de Estado ucraniano, os russos estão a integrar os norte-coreanos "em unidades combinadas e a utilizá-los em operações na região de Kursk". "Por enquanto, apenas lá. Mas temos informações de que poderão ser aplicados noutras frentes", acrescentou. Acusando Moscovo de levar a guerra para "outro estágio", Zelensky alertou que as tropas de Pyongyang "já estão a sofrer perdas notáveis".
Segundo os serviços de informações militares ucranianos, pelo menos 200 norte-coreanos terão morrido em combate até ao dia de ontem, segundo revela o "Kiev Independent".
"Se isto não é uma escalada, então qual é a escalada de que muitos falam?", prosseguiu, referindo-se às vozes relutantes em apoiar Kiev, porque temem atritos com Moscovo. Segundo Kiev, o Kremlin reuniu cerca de 50 mil soldados, incluindo milhares de soldados norte-coreanos, para tentar recuperar o controlo total da região de Kursk.
A guerra na Ucrânia já provocou dezenas de milhares de mortos de ambos os lados, e os últimos meses foram marcados por ataques aéreos em grande escala da Rússia contra cidades e infraestruturas ucranianas, ao passo que as forças de Kiev têm visado alvos em território russo próximos da fronteira e na península da Crimeia, ilegalmente anexada em 2014.
Já no terceiro ano de guerra, as Forças Armadas ucranianas confrontaram-se com falta de soldados e de armamento e munições, apesar das reiteradas promessas de ajuda dos aliados ocidentais, que começaram, entretanto, a concretizar-se.
As negociações entre as duas partes estão completamente bloqueadas desde a primavera de 2022, com Moscovo a continuar a exigir que a Ucrânia aceite a anexação de uma parte do seu território, e a rejeitar negociar enquanto as forças ucranianas controlem a região russa de Kursk, parcialmente ocupada em agosto.