Basílica de Santa Maria Maior pronta para receber Francisco. Conheça-a por dentro
A Basílica Papal de Santa Maria Maior é um dos principais monumentos de Roma e, nos últimos dias, o interesse pela igreja, situada a mais de cinco quilómetros do Vaticano, aumentou, por Francisco ter decidido ser lá sepultado, rejeitando a cripta onde repousam João Paulo II e Bento XVI.
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Será uma das mais belas igrejas católicas do Mundo, mas na última semana, foi um taipal de madeira a despertar a atenção dos muitos visitantes que faziam fila para entrar em Santa Maria Maior. É ali, no lado esquerdo da nave principal, que ficará Francisco a partir de hoje. Até quinta-feira, ninguém tinha a certeza do que estava a acontecer naquele nicho, nem mesmo os funcionários, que diziam "pensar que sim", garantiam que era o túmulo de Jorge Mario Bergoglio. Há vários dias que ali decorriam trabalhos, num espaço escondido dos olhares do público por um taipal de madeira, no ponto que correspondia à descrição deixada por Francisco no testamento. Anteontem ao final do dia, o Vaticano divulgou uma pequena imagem com a pedra onde se lê uma inscrição simples: "Franciscus", tal como tinha sido pedido pelo pontífice. Mais acima, uma reprodução da cruz que habitualmente usava ao peito.
Na véspera do funeral, a presença policial intensificou-se na cidade e a entrada na basílica não foi exceção. Para cruzar a porta, era necessário primeiro passar por detetores de metais e raio-x, estilo aeroporto, sob a supervisão da Polizia de Stato. Do lado da saída, uma tenda dos Carabineri, e em frente à escadaria uma outra, do Exército. Já mais distante na praça, a Proteção Civil, com uma ambulância, e polícias à civil a circular entre os turistas que se preparavam para entrar e os jornalistas, omnipresentes por estes dias na capital italiana. Lá dentro, uma missa na Cappella Paolina. Os "aleluia" a ecoar pelas paredes tornavam a atmosfera mais solene, ainda que fossem mais os turistas com interesse pelas fotografias de ocasião do que os crentes, em luto pela morte do Papa. Nas noites desta semana, às 21 horas, o terço tem sido rezado em conjunto, em homenagem ao sacerdote.
Esta escolha "é uma mensagem"
Roma tem mais de 900 igrejas, mas era a esta basílica dedicada a Maria que o Papa vinha rezar antes e depois de cada viagem apostólica, criando uma ligação próxima com o espaço. Podemos imaginar que se sentiria confortável neste templo amplo, com um teto plano e muito trabalho, onde sobressai o dourado, mas onde também existem muitos pequenos recantos mais retirados e propícios a momentos de reflexão. O último Papa a ser aqui sepultado tinha sido Clemente IX, que morreu em 1669. No total, há sete Papas aqui sepultados. Oito, a partir de hoje.
"É uma mensagem. Todas as suas escolhas, mesmo depois da sua morte, foram marcadas pela simplicidade, pelo facto de dizer que era um como nós, um povo de Deus, sem enfatizar o seu papel, o seu poder. É um filho de Deus como todos nós e deve ser tratado e desejado como todos nós, como um cristão normal", explica-nos Don Giovanni, padre de Bréscia que está com um grupo de jovens, entre 13 e 14 anos, numa visita a Roma. Tal como muitos outros, a viagem já estava marcada e poder viver estes tempos importantes para a sua Igreja.
Para além da conhecida devoção mariana e a ligação a este espaço, há quem tenha uma explicação diferente para esta escolha. Rosário de los Ríos, argentina e parte de um grupo com 30 pessoas em peregrinação, concorda que esta escolha mostra a "humildade" e proximidade com as pessoas do pontífice, mas há outra questão importante: o facto de a escassos metros da basílica estar a embaixada da Argentina. "Tem uma certa importância estar perto da embaixada argentina. É como se quisesse estar muito perto do seu lado argentino", sorri.