A Agência de Segurança Nacional norte-americana, além espiar o telefone da chanceler Angela Merkel, teve acesso a escutas telefónicas do Banco Central Europeu e de vários ministérios alemães, revelam documentos colocados na plataforma "Wikileaks".
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Os documentos, difundidos esta quinta-feira pelo jornal alemão "Süddeusche Zeitung", indicam que as escutas telefónicas nos ministérios da Economia, Finanças e Agricultura começaram a ser feitas nos anos 1990.
Um destes documentos, refere-se à linha telefónica de Oskar Lafontaine, quando ainda era ministro das finanças, cargo que ocupou por alguns meses entre 1998 e 1999.
Atualmente, a linha telefónica referida continua a ser usada, mas pela Secretaria do Ministério das Finanças alemão.
As escutas levadas a cabo pela NSA sugerem que a agência estava interessada principalmente na política económica e comercial alemã.
Quanto às escutas ao BCE, estas afetaram apenas uma linha telefónica da direção do desenvolvimento económico.
O jornal "Sueddeutsche Zeitung" também publicou o relatório da NSA referente a uma conversa entre Angela Merkel e um assistente não identificado, a 9 de outubro de 2011, sobre a situação na Grécia na época. Na conversa, a chanceler alemã mostrou dúvidas sobre um possível alívio da dívida.
Já o ministro do Interior, Thomas de Maizière, disse à "Primeira Televisão Alemã" (ARD) que se tornou mais desconfiado desde que surgiram as primeiras revelações sobre espionagem na Alemanha.
De acordo com o ministro da Economia, Sigmar Gabriel, é necessário saber se a NSA terá também espiado empresas alemãs.
"Nos ministérios não fazemos nada pelo telefone que valha a pena espiar. Muito mais importante é a questão de saber se a NSA não terá também espiado empresas alemãs", disse Sigmar Gabriel.
O caso está a ser investigado pela comissão parlamentar, cujo presidente, Patrick Sensburg, revelou à ARD que está convencido de que a espionagem durou, pelo menos, até o final de 2012.
Patrick Sensburg acrescentou que não se pode descartar a hipótese de que outros países façam operações semelhantes na Alemanha.