Bebé abanado ou pneumonia? Texas rejeita clemência e vai executar homem condenado por matar filha
Um juiz do Texas definiu, na quarta-feira, uma nova data para a execução de um homem autista condenado num problemático caso de "síndrome de bebé sacudido".
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O juiz Austin Reeve Jackson definiu o dia 16 de outubro como a data para a execução de Robert Roberson por injeção letal pela morte da filha de dois anos, Nikki, em 2002.
Roberson, de 58 anos, deveria morrer a 17 de outubro do ano passado na penitenciária estadual de Huntsville, mas a sua execução foi suspensa depois de ter sido convocado para testemunhar perante uma comissão da Câmara dos Representantes do Texas.
O Supremo Tribunal do Texas suspendeu temporariamente a sua execução em resposta à intimação extraordinária de legisladores estaduais que investigavam a controversa condenação de Roberson e o uso de "ciência superficial" em processos criminais.
Um grupo bipartidário de 86 legisladores do Texas pediu clemência para Roberson, citando "novas e volumosas provas científicas" que lançavam dúvidas sobre a sua culpabilidade.
Roberson seria a primeira pessoa executada nos Estados Unidos com base num diagnóstico de síndrome do bebé sacudido, segundo os seus advogados.
O seu caso atraiu a atenção não só dos legisladores do Texas, mas também do romancista americano John Grisham, dos especialistas médicos e do "Innocence Project", que trabalha para reverter condenações injustas.
Também entre os seus apoiantes está o homem que o colocou atrás das grades — Brian Wharton, antigo detetive-chefe da cidade de Palestine — que afirmou: "Sabendo tudo o que sei agora, estou firmemente convencido de que Robert é um homem inocente".
Gretchen Sween, uma das advogadas de Roberson, criticou a decisão de definir uma data para a execução, enquanto o Tribunal de Apelação Criminal do Texas analisa novas provas no caso. "Os texanos deveriam estar indignados com o facto de o tribunal ter marcado uma data para a execução de um homem comprovadamente inocente", disse Sween, em comunicado.
Todos os que se deram ao trabalho de analisar as provas da inocência de Robert Roberson chegaram à mesma conclusão: a morte de Nikki foi uma tragédia terrível. "O Robert não a matou. Não houve crime".
Roberson sempre alegou inocência e os seus advogados afirmaram que a filha, com uma doença crónica, morreu de causas naturais e acidentais, e não de abusos.
O diagnóstico de síndrome do bebé sacudido, feito no hospital onde a filha de Roberson morreu, foi erróneo, disseram, e a causa da morte foi pneumonia, agravada pela prescrição de medicamentos inadequados pelos médicos.
A perturbação do espectro do autismo de Roberson, diagnosticada apenas em 2018, também contribuiu para a sua detenção e condenação, segundo os advogados.
Houve 26 execuções nos Estados Unidos este ano, incluindo quatro no Texas.