Bebés prematuros mortos, tanques na porta de hospital: os horrores da guerra em Gaza
O hospital de Al Shifa deixou de funcionar, alertou no domingo a Organização Mundial da Saúde (OMS). O Ministério da Saúde da Faixa de Gaza confirmou esta segunda-feira a morte de pelo menos três bebés prematuros devido a falta de eletricidade.
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Milhares de pessoas deixaram o maior hospital de Gaza, enquanto militares israelitas e militantes do Hamas combatem nos arredores da instituição sanitária. No interior do edifício agora sem energia elétrica, permanecem médicos, enfermeiros e pacientes em risco de vida, como cerca de 40 bebés.
Segundo o Ministério da Saúde do enclave, controlado pelo grupo islamita, morreram três bebés prematuros, e não seis como chegou a ser anunciado, e outros 29 pacientes desde que as quebras de eletricidade começaram em Al Shifa, há alguns dias. Cerca de uma centena de corpos estão em decomposição no pátio do hospital, de acordo com a tutela, citada pelo canal catari Al Jazeera.
Continuam cerca de 650 pacientes, 500 profissionais de Saúde e uma estimativa de 2500 deslocados dentro daquela instituição sanitária, noticiou aquela estação do Catar. Um funcionário da ONU não identificado afirmou à Al Jazeera que os pacientes que não deixaram o hospital precisam de procedimentos especiais, incluindo ambulâncias equipadas para levá-los para o Egito.
Tanques e "snipers" foram vistos a cercar o edifício, segundo as autoridades de Gaza. "O tanque fica do lado de fora do portão do ambulatório, é assim que está a situação esta manhã", relatou à agência Reuters Ashraf Al-Qidra, porta-voz do Ministério da Saúde, controlado pelo Hamas. Cerca de 200 famílias tiveram de deixar suas residências próximas ao hospital.
Israel alega que disponibilizou 300 litros de combustível para os geradores de emergência, mas que o Hamas bloqueou a oferta. Qidra negou à Reuters que tenham rejeitado a oferta, mas salientou que a quantidade de combustível serveria apenas para meia hora – e que o hospital Al Shifa consome entre oito e 10 mil litros por dia.
O porta-voz da Saúde de Gaza destacou ainda que a entrega deveria ser feita através da Cruz Vermelha ou de uma organização humanitária internacional. Uma fonte oficial de Israel, ouvida pela mesma agência, disse que os 300 litros durariam várias horas porque apenas o setor de emergência hospitalar estava a funcionar.
"Já se passaram três dias sem luz, sem água e com uma internet muito fraca, o que prejudicou gravemente a nossa capacidade de prestar cuidados essenciais", escreveu no domingo o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, na rede social X (antigo Twitter).
"Os constantes tiroteios e bombardeamentos na área agravaram as circunstâncias já críticas. Tragicamente, o número de mortes de pacientes aumentou de forma significativa. Lamentavelmente, o hospital não funciona mais como hospital", acrescentou.
Norte do enclave sem hospitais
Outro hospital que ficou sem combustível é o Al Quds, onde o Crescente Vermelho palestiniano reportou confrontos. "Pesados tiroteios continuaram nas proximidades do hospital al Quds, na área de Tal Al-Hawa, na cidade de Gaza, e sons de bombardeamentos e explosões violentas foram ouvidos na área", publicou aquela organização na rede social X. "A coluna de veículos que partia do Sul da Faixa de Gaza em direção ao hospital, acompanhada pela Cruz Vermelha para garantir a evacuação de pacientes e pessoal médico, parou", completou.
O vice-ministro da Saúde do território palestiniano, Youssef Abou Rich, afirmou esta segunda-feira à agência France-Presse que todos os hospitais no Norte da Faixa de Gaza deixaram de funcionar. Pelo menos 20 das 36 instituições sanitárias no enclave estão inoperacionais, de acordo com a agência humanitária das Nações Unidas.