Rezam as leis da Igreja Católica que todos as pessoas divorciadas ou casadas mais do que uma vez não podem comungar. Aparentemente, todos, menos Berlusconi. O primeiro-ministro volta a gerar polémica e, desta vez, embaraçando a Conferência Episcopal Italiana.
Ser notícia por motivos insólitos é, uma vez mais, a forma como o primeiro-ministro italiano surge na Imprensa nacional e internacional. Agora, sob a acusação de contornar as regras da Igreja Católica Romana.
A notícia mereceu destaque na primeira página de ontem, segunda-feira, do jornal italiano “Il Fatto Quotidiano”, um dos mais ferozes críticos do primeiro-ministro, com direito a fotografia em acto flagrante – a própria comunhão.
Tudo aconteceu no recente funeral do cómico Raimondo Vianello, no momento em que o chefe do Executivo se apresentou para receber o sacramento. Mesmo sendo divorciado; mesmo estando a atravessar um segundo processo de divórcio.
E a questão coloca-se: entre todos os divorciados do Mundo, apenas Berlusconi pode comungar?
Em declarações ao “Il Fatto Quotidiano”, o padre de celebrou a cerimónia fúnebre defende-se, explicando que, no meio de um funeral, não poderia negar a comunhão a Berlusconi e iniciar um escândalo.
Mas há quem pretenda esclarecer esta história até às mais qualificadas instâncias. É o caso de um advogado que já endereçou uma carta ao Papa Bento XVI, precisamente, para que explique esta “excepção”.
Na diocese de Milão, atribui-se a culpa do insólito, não ao padre que concedeu a hóstia – “que outra coisa poderia fazer?”, disse um padre –, mas sim a Berlusconi, que teve a ousadia de a pedir. Por sua vez, a Conferência Episcopal Italiana escolheu o silêncio.
