O chefe do governo italiano, Silvio Berlusconi, anunciou que não vai recandidatar-se em caso de eleições antecipadas e confessou sentir-se "libertado". O anúncio de que irá demitir-se fez disparar os juros da dívida acima dos 7%.
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"Não vou recandidatar-me e sinto-me mesmo libertado", afirmou Silvio Berlusconi, de 75 anos, numa entrevista exclusiva ao jornal "La Stampa", publicada esta quarta-feira.
O primeiro-ministro demissionário acrescenta que vai apoiar o seu sucessor, Angelino Alfano, a quem já confiou a liderança do partido.
Angelino Alfano é secretário-geral do Povo da Liberdade (PDL, centro-direita).
O anúncio de Sílvio Berlusconi, de pôr o cargo à disposição do presidente da República depois de aprovadas as primeiras reformas económicas exigidas pela União Europeia, arrastou os juros da dívida italiana para valores acima da barreira psicológica dos 7%, que obrigou ao resgate da Irlanda, Grécia e Portugal.
A incerteza política afectou também a Bolsa de Milão que mudou a tendência positiva da abertura a meio da manhã e caía 3,33% para os 15.141 pontos, às 10.00 horas.
A desconfiança dos investidores face à dívida italiana (1.900 mil milhões de euros, cerca de 120% do PIB) levou os juros a ultrapassar máximos históricos em todas as maturidades.
No prazo a dois anos, os juros estavam pressionados nos 7,129% face aos 6,379%o de terça-feira, enquanto a cinco anos subiam para os 7,132%.
Na maturidade a 10 anos, por sua vez, os juros da dívida italiana seguiam nos 7,135%, face aos 6,874% de terça-feira.