O presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko, afirmou, esta quinta-feira de manhã, que o país está preparado para "responder" se a União Europeia decidir impor novas sanções a Minsk, em consequência da crise migratória na fronteira com a Polónia, onde centenas de refugiados ficaram retidos depois de terem sido levados a crer que iam conseguir entrar na União Europeia.
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O líder bielorrusso acusou ainda o Ocidente de oprimir liberdades e direitos humanos e pediu que se ajudassem as pessoas retidas na fronteira com a Polónia - ponto de entrada na União Europeia -, mas desvalorizou o cenário dizendo que o "problema" está a ser empolado pelos meios de comunicação.
O caos na fronteira entre os dois países está a ser provocado pela Bielorrússia que facilitou a passagem de migrantes e agora está a "instrumentalizá-los para fins políticos", acusou esta quarta-feira, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
"Se nos impuserem novas sanções, teremos de responder", declarou Lukashenko citado pela agência bielorrussa Belta. "Estamos a aquecer a Europa e eles estão a ameaçar-nos. E se interrompermos o fornecimento de gás natural?", questionou referindo-se à possibilidade de suspender a operação do gasoduto russo Yamal-Europa, que atravessa a Bielorrússia para chegar à Polónia e que é essencial para os europeus.
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Lukashenko afirmou ainda que os migrantes na fronteira receberam armas e explosivos da Ucrânia durante os últimos dois dias. "Porque é que as armas vêm para aqui? Eles querem encenar uma provocação", disse Lukashenko, acrescentando que os militares bielorrussos deveriam estar vigilantes.
Insistindo na necessidade de apoio, Lukashenko disse ter pedido ao Ministério da Defesa russo, através do presidente da Rússia, o destacamento de aviões estratégicos para patrulhar as fronteiras da Bielorrússia.
"Os militares russos e bielorrussos devem monitorizar o anel - Estados Bálticos, a Polónia e a Ucrânia. Não podemos brincar com isto, a situação é grave. Os russos e os bielorrussos devem controlar a situação em conjunto", insistiu Alexander Lukashenko.
Ajudar com lenha seca
Entre ameaças e pedidos de apoio, o chefe de Estado bielorrusso, que esteve esta manhã reunido com os líderes do conselho de ministros em Minsk, acabou por reconhecer que é necessário reforçar o enfoque na ajuda às pessoas presas na fronteira, especialmente mulheres grávidas e crianças, dando instruções às autoridades para fornecerem aos refugiados lenha seca.
"A situação é catastrófica. Há muitas mulheres grávidas que provavelmente darão à luz [no campo junto à fronteira]. Mas como é que isto vai ser? As temperaturas estão a baixar e [estas pessoas] ainda não sabem o quão pode ser frio na Bielorrússia durante o inverno. Por isso, temos de estar preparados", acrescentou.
Culpar o ocidente
Ainda assim, Lukashenko afirmou que "o problema não é tão grande como os meios de comunicação social o apresentam". Descartando-se do problema, o chefe de Estado atirou a culpa da crise migratória na fronteira para o Ocidente.
"Os jornalistas estão a fazer um grande trabalho ao mostrarem a verdadeira face desta democracia. Finalmente, a nossa sociedade e outros compreenderão o tipo de democracia e direitos humanos, a liberdade de expressão que têm no Ocidente, sobre a qual nos têm dado continuamente lições".