Dias depois de o jornal espanhol "El Confidencial" ter publicado um conjunto de vídeos em que mostrava uma ex-concorrente do Big Brother (no ar em 2017) a ser alertada pela produção do programa para um episódio de suposto abuso sexual de que teria sido vítima e instada a não falar sobre o assunto, a produtora justifica agora a atuação.
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Em comunicado publicado na revista "Variety", a Endemol Shine, empresa de audiovisual a que pertence a produtora Zeppelin TV, responsável pelo "Gran Hermano", assegura que a equipa de produção cumpriu os protocolos. "A equipa em funções à noite suspeitava que tinha ocorrido um incidente e comunicou-o aos produtores executivos do programa. Depois de este ter sido analisado, o concorrente José María [acusado de abuso] foi expulso da casa, enquanto Carlota recebeu apoio de profissionais independentes. Depois de vários dias no exterior, durante os quais Carlota foi acompanhada durante todo o tempo e continuou a receber apoio psicológico, [a concorrente] decidiu não apresentar queixa e voltar para o programa, com o apoio de psicólogos", esclarece a nota.
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A empresa garante que "nenhum conteúdo foi gravado com a intenção de ser transmitido" mas lamenta ainda assim que a conversa em causa tenha ocorrido no confessionário. "O material foi fornecido apenas como prova quando solicitado pelas autoridades. As decisões de não informar os concorrentes do incidente e de se ter pedido a Carlota que não o mencionasse naquele momento foram tomadas de boa fé pela equipa da produção, a fim de de proteger a sua privacidade e porque o incidente iria ser reportado à Polícia. Por razões judiciais, respeitamos o processo legal em curso", pode ler-se ainda.
De acordo com o "El Confidencial", a juíza responsável pelo caso valorizou o vídeo do suposto crime em tribunal (que não foi naturalmente divulgado), adiantando que o concorrente José María incorreu em contradições e que "estava em estado de consciência quando os factos ocorreram". Desde 2017 que Carlota está em tratamento psicológico e psiquiátrico, com medicação e incapaz de trabalhar, adianta a mesma publicação.
O caso
O diário digital revelou, na terça-feira, alguns vídeos gravados pela produtora Zeppelin TV que mostram a jovem Carlota Prado no confessionário da casa do "Grand Hermano" a ser informada pela produção, através de imagens da noite anterior, de que o então companheiro José María López - entretanto expulso - a teria abusado sexualmente, algo de que a jovem não se teria apercebido. As câmaras do programa gravaram tanto o episódio de abuso como a altura em que este, sem aviso prévio, foi comunicado à concorrente.
Carlota, esse assunto, por José María e por si, para o bem de ambos, não deve sair daqui
Carlota começa a assistir à gravação da noite anterior, em que ambos estão deitados na cama, ela quase a dormir. Ouve-se, ao fundo, um "olha para mim", dito por José María, entre sons de golpes nos microfones e nos lençóis. Da boca de Carlota, ouve-se dois "nãos". "O que se passa?", pergunta à produção. O vídeo continua e a voz de José María ouve-se outra vez. "Tira isso", diz ele em referência à camisola que Carlota usava e, como a própria declarou diante da juiza, tirou por causa do calor que tinha. "Vai dar-me uma coisinha má. Raios partam". À medida que as imagens avançam, a expressão facial da jovem vai mudando, fica aterrorizada. De fundo, ouve-se uma respiração profunda e agitada, presumivelmente a de José Maria. O que acontece a seguir não é explícito, mas choca Carlota. No confessionário, a jovem tapa a boca e os olhos com a mão, vira-se para trás e para os lados como barata tonta, pede várias vezes para pararem a gravação. Começa a chorar.