O homem de confiança de bin Laden tinha contactos regulares com uma mílica que há mais de 20 anos está ligada aos serviços de inteligência do Paquistão, segundo oficiais americanos. Adensam-se as dúvidas sobre o eventual apoio do governo daquele país.
Corpo do artigo
A descoberta foi feita depois de devidamente analisado o telemóvel de Abu Ahmed al-Kuwaiti, considerado o braço direito do antigo líder da al-Qaeda, que morreu, juntamente com bin Laden, durante o ataque das forças americanas, no início de Maio, à casa onde este vivia, em Abbottabad.
De acordo com o jornal New York Times, a descoberta revela que bin Laden utilizou a milícia Harakat-ul-Mujahedeen como parte da sua rede de apoio dentro do Paquistão.
Recorde-se que bin Laden e a família viveram refugiados naquela cidade, a cerca de 50 quilómetros da capital, Islamabad, durante cerca de seis anos.
Crescem, assim, as dúvidas de Washington quando a uma eventual protecção a bin Laden e respectiva família por parte do Paquistão, dúvidas essas que tornaram a relação entre os dois países bastante tensa.
Vários analistas defendem que bin Laden não conseguiria viver numa cidade fortemente militarizada sem beneficiar de uma rede de apoios.
Também esta sexta-feira, a agência noticiosa Associated Press (AP) revelou que a última preocupação do bin Laden relativamente à al-Qaeda se relacionava com uma questão de marketing. O islamita considerava que a organização precisava de uma nova estratégia comercial.
Ainda de acordo com a AP, bin Laden dizia que a al-Qaeda estava a matar demasiados muçulmanos e isso era mau para o negócio. Neste aspecto, segundo ele, o Ocidente estava a ganhar a guerra, pelo que decidiu adoptar as estratégias das empresas americanas e mudar o nome da organização.
Numa das cartas encontradas na sua casa, em Abbottabad, o terrorista concluía que falta algo de religioso no nome, que convence os muçulmanos de todo o mundo e aquele era uma guerra contra o Ocidente. Isto porque, dizia, ninguém utilizava o nome completo da organização - al-Qaeda Al Jihad -, ou seja, A base da Guerra Santa.