A polícia na Birmânia apresentou acusações de associação ilícita e desordem pública contra 51 trabalhadores de uma fábrica de madeira que se manifestaram para pedir reformas laborais.
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O crime de perturbação da ordem pública não contempla a possibilidade de fiança e é punido com uma pena de até dois anos de prisão, segundo o diário "Myanmar Eleven".
Os elementos do grupo continuam presos até à próxima audiência, prevista para 1 de junho, no estabelecimento prisional de Yamethin, situado a 69 quilómetros a norte da capital do país, Naypyidaw.
O protesto laboral começou sob a forma de marcha, há três semanas na região de Sagaing (norte), para condenar o despedimento de cem colegas da fábrica de madeira. A polícia interveio na quarta-feira para impedir a entrada dos manifestantes na capital.
Os agentes dispersaram a manifestação e detiveram 71 pessoas, 20 das quais libertadas de seguida.
A atuação da polícia, condenada por organizações defensoras dos direitos humanos e dos trabalhadores, acontece numa altura em que a Birmânia tem o seu primeiro governo eleito democraticamente em mais de meio século.
As eleições de 8 de novembro de 2015 deram a vitória à Liga Nacional para a Democracia, liderada pela Nobel da Paz Aung San Suu Kyi, mas a constituição herdada dos regimes militares limita o poder dos novos Executivo e Parlamento.
As Forças Armadas controlam os ministérios do Interior, Defesa e Assuntos Fronteiriços, além de contarem com 25% dos lugares nos parlamentos - nacional e regionais - entre outras prerrogativas.
O Governo de Suu Kyi, em que Htin Kyaw ocupa a chefia de Estado porque a Constituição impede a Nobel da Paz de o fazer, foi empossado a 30 de março.