Ex-presidente brasileiro seduziu plateia de ultraconservadores norte-americanos com retórica pró-armas e anti-vacinas.
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Lançou-se a um auditório que era terreno seguro, na Conferência da Ação Política dos Conservadores (CPAC, na sigla em inglês), em Washington. Amparado pelos ultraconservadores norte-americanos, Jair Bolsonaro estendeu o discurso aos 20 minutos, durante o qual foi aplaudido de pé, à medida que atirava cartadas que colhiam a aceitação geral, como a defesa do porte de armas ou a narrativa anti-vacinas.
"Sou o ex mais amado do país. Sempre defendi a liberdade, não obriguei ninguém a vacinar-se no Brasil. Há certos assuntos no Brasil que são proibidos de ser abordados, e um é a vacina. Dizem o tempo todo: 'ciência, ciência, ciência', e eu digo: 'liberdade, liberdade, liberdade'", atirou, no sábado, o ex-chefe de Estado brasileiro.
Bolsonaro, que se encontra nos Estados Unidos desde o final de dezembro, para onde seguiu ainda antes da tomada de posse do presidente Lula da Silva, aproveitou a passagem pela mais importante conferência do movimento ultraconservador norte-americano para voltar a insinuar que foi devido a fraude eleitoral que lhe escapou a reeleição para o Palácio do Planalto. "Do fundo do meu coração, como é gratificante ser recebido desta forma calorosa em qualquer lugar do Brasil e do mundo. Tive muito mais apoio [na campanha eleitoral] em 2022 do que em 2018, não sei porque é que os números [eleitorais] mostraram o contrário".
O ex-presidente louvou ainda a proximidade que mantém com Donald Trump. "O meu relacionamento com Trump foi sempre excecional. Fui o último presidente a reconhecer as eleições de há dois anos nos Estados Unidos e continuo fiel aos nossos princípios, ao nosso lema, "Deus, Pátria, Família e Liberdade"".
Logo depois, atirou-se Jair Bolsonaro a um tópico dileto entre os conservadores, o porte de armas, que disse ter sido sempre matéria prioritária no seu Executivo. "Sempre concedi acesso e porte de armas de fogo. Contudo, a primeira medida deste "novo velho" Governo foi remover os meus decretos. Eu sempre disse no Brasil: "povo armado jamais será escravizado" e "país armado jamais será subjugado"", assinalou.
Além das habituais prédicas sobre Deus e religião, Bolsonaro lançou-se ainda ao tema Amazónia, para estender um convite aos participantes na CPAC: "O Brasil é importante para o mundo, hoje mais de mil milhões de pessoas dependem de nós para comer. Só o Brasil tem nióbio, temos água potável em abundância, temos uma Amazónia que pertence aos brasileiros. Convido-os a visitar a Floresta Amazónia, vão conhecê-la como ela é e não como a imprensa diz".
Palestras para evangélicos
Jair Bolsonaro permanece há mais de dois meses no Estado da Florida, nos EUA, onde se tem dedicado sobretudo a dar palestras em igrejas evangélicas, não se escudando a elaborar contínuas críticas à governação do seu sucessor, Lula da Silva, em transmissões nas redes sociais.
