Capitão do exército reformado e defensor da ditadura militar - regime que vigorou no Brasil entre 1964 e 1985 -, Bolsonaro iniciou a carreira política adotando posições extremadas e discursos agressivos em defesa da autoridade do Estado e dos valores da família cristã.
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Ganhou notoriedade nos últimos anos e transformou-se num líder capaz de mobilizar milhares de eleitores desiludidos com a mais severa recessão económica da história do Brasil, que eclodiu entre os anos de 2015 e 2016, ao mesmo tempo que as lideranças políticas tradicionais do país têm sido envolvidas em escândalos de corrupção.
Chamado de "mito" e "herói" pelos apoiantes e de "perigo à democracia" por críticos e adversários, Jair Bolsonaro, de 62 anos, está na política brasileira há 28 anos e foi eleito deputado (membro da câmara baixa) sete vezes consecutivas, mas sem nunca ter ocupado um cargo importante no Parlamento.
Na campanha, Bolsonaro defendeu os valores tradicionais da família cristã, o porte de armas e "pregou" que o combate à violência no Brasil, país que atingiu a marca de 63800 homicídios em 2017, deve ser feito de forma violenta pelas autoridades.
Entre as propostas mais polémicas para a área de segurança pública está a implantação de uma figura jurídica no sistema legal que impediria o julgamento criminal de homicídios cometidos por polícias em serviço.
Considerado polémico e que desperta paixões e controvérsia, Bolsonaro já foi condenado por injúria e apologia ao crime de violação após uma ofensa contra a deputada Maria do Rosário após uma sessão na câmara baixa do Parlamento brasileiro, em 2003.
Após uma discussão, Bolsonaro declarou que a deputada não merecia ser violada: "Porque ela é muito feia, não faz meu género, jamais a violaria. Eu não sou violador, mas, se fosse, não iria violar porque não merece".
O candidato declarou, também, que não vai aplicar recursos do Governo em instituições que atuam em defesa dos direitos humanos, afirmando pretender retirar o Brasil do Comité de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU).
Bolsonaro também foi acusado pela Procuradoria-Geral do Brasil do crime de racismo, em 2016, quando comparou com animais os descendentes de negros africanos que fugiram antes da abolição da escravatura e vivem em comunidades rurais demarcadas no interior do Brasil.
O político também responde num processo por declarações homofóbicas, feitas num programa de televisão e é investigado por suposta apologia ao crime de tortura.
A última acusação baseia-se na homenagem que fez ao coronel Brilhante Ustra, reconhecido torturador brasileiro, no momento em que votava a favor da destituição da ex-presidente Dilma Rousseff, que anos antes de entrar para a política foi presa e torturada durante a ditadura militar.
Com a vitória, este domingo, na segunda voltar das eleições presidenciais, Jair Bolsonaro vai ser o próximo ocupante do Palácio do Planalto, em Brasília.