O ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro negou, esta quarta-feira, a sua participação num suposto plano para impedir a posse do seu sucessor, Luiz Inácio Lula da Silva.
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Bolsonaro chegou à sede da Polícia Federal, em Brasília, por volta das 13.40 horas locais (17.40 horas em Portugal continental) e deixou o edifício quase três horas depois, segundo a imprensa local. "Não tinha nenhum plano", disse o ex-mandatário a jornalistas durante a saída.
O senador Marcos do Val, que era aliado do então presidente, disse, em fevereiro, aos meios de comunicação, ter participado de uma suposta reunião com Bolsonaro e o ex-deputado Daniel Silveira em dezembro, na qual se criou um plano para impedir a chegada de Lula ao poder. O suposto plano, segundo do Val, consistia em forçar o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ministro Alexandre de Moraes, a dizer algo comprometedor e gravá-lo secretamente para incriminá-lo.
Os eleitores de Bolsonaro acusam o magistrado de interferir na campanha eleitoral a favor de Lula.
Do Val disse inicialmente, à revista "Veja", que Bolsonaro lhe apresentou o plano, mas depois mudou a sua versão, afirmando que o ex-presidente ficou "em silêncio" durante a reunião.
Esta é a quarta vez este ano que Bolsonaro se apresenta à Polícia Federal para prestar depoimentos no âmbito de uma investigação. Em maio, o ex-presidente negou a sua participação na suposta falsificação de certificados de vacinação contra a covid-19 investigada pelas autoridades. Antes, compareceu para negar qualquer participação nos ataques às sedes dos Três Poderes em Brasília em janeiro, perpetrados pelos seus apoiantes, e na entrada irregular no Brasil de valiosas joias presenteadas pela Arábia Saudita em 2021.
Há duas semanas, Bolsonaro foi declarado inelegível por oito anos pelo TSE por ter "abusado do poder" ao disseminar desinformação sobre o sistema eleitoral brasileiro. O ex-presidente, que ficou excluído das próximas eleições presidenciais em 2026, enfrenta mais de uma dezena de outros processos administrativos no tribunal eleitoral e é alvo de cinco investigações no Supremo Tribunal Federal (STF), com possíveis penas de prisão.