Numa carta enviada ao presidente brasileiro, vários jornalistas pedem maiores esforços na procura por Dom e Bruno, desaparecidos na Amazónia.
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"Escrevemos para expressar preocupação com a segurança do nosso amigo, Dom Phillips, e com Bruno Araújo Pereira. Pedimos que intensifique os esforços para os encontrar", pode ler-se na carta enviada por dezenas de editores e jornalistas de alguns dos maiores meios de comunicação do Mundo ao presidente Jair Bolsonaro, que poucos dias após o desaparecimento dos dois homens defendeu que a "aventura" em que ambos se envolveram "não era recomendável para ninguém".
Além da carta endereçada ao líder brasileiro, com o intuito de pressionar a realização de uma investigação mais célere, vários familiares e amigos de Dom Phillips reuniram-se esta quinta-feira em frente à Embaixada do Brasil, em Londres, criticando a demora das autoridades brasileiras em dar respostas sobre o paradeiro do jornalista britânico e do ativista, que desapareceram no domingo quando viajavam de barco entre a comunidade de São Rafael, em Vale do Javari, e Atalaia do Norte - onde não chegaram.
Durante a vigília, representantes da Greenpeace questionaram os moldes em que as buscas estão a decorrer e pediram que sejam enviados helicópteros para o local. A Marinha afirmou ter cedido aeronaves, mas a União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) garantiu que não houve nenhum sobrevoo.
As críticas também se estenderam à América do Norte. No dia em que o Jair Bolsonaro chegou a Los Angeles, nos EUA, para participar na Cimeira das Américas, várias carrinhas, com mensagens contra o presidente, foram vistas na cidade, acusando o governante de ser "mentiroso" e de estar a desvalorizar o caso.
"Eventual homicídio"
Apesar de já terem passado vários dias desde que os dois homens foram vistos pela última vez, as autoridades ainda têm esperança de encontrar Dom e Bruno vivos, ainda assim, não descartam um "eventual homicídio", referiu Eduardo Alexandre Fontes, superintendente da Polícia Federal.
Até agora, seis pessoas foram interrogadas e um suspeito detido. Amarildo da Costa de Oliveira, ou "Pelado", é conhecido por fazer ameaças a ativistas, mas negou ligações ao caso. Uma testemunha, porém, alega ter visto o homem a transportar uma espingarda e a colocar um cinto de munições pouco antes de Dom e Bruno abandonarem São Rafael. Segundo o relato, "Pelado" tinha prometido "acertar contas" com Bruno e afirmou que iria "trocar tiros" com o ativista assim que o confrontasse.