Bombeiro morreu a tentar salvar colega num incêndio em parque de estacionamento espanhol
Dois bombeiros morreram, na quarta-feira, num incêndio num parque de estacionamento no sul de Madrid. Quando Jesús, de 34 anos, conseguiu sair da garagem em chamas, ao dar conta que o seu colega Sergio, de 27 anos, ainda estava lá preso, voltou a entrar para o tentar salvar. Acabaram por morrer os dois.
Corpo do artigo
A garagem em Alcorcón rapidamente se tornou num ambiente hostil para os bombeiros, com testemunhas a relatar que ouviram três explosões, um teto que desabou, temperaturas bastante elevadas e alta concentração de fumo, explica o jornal "El Mundo".
Ao sair das instalações, Jesús apercebeu-se que Sergio ainda estava lá dentro, possivelmente entalado entre um dos carros que tinha provocado o incêndio, um Porsche elétrico, e uma parede. Voltou para o interior para o tentar salvar, mas o ato heroico acabou em tragédia, com ambos a morrer.
Sergio, segundo o jornal espanhol, morreu queimado. Já Jesús, que estava prestes a ser pai, morreu devido à inalação de fumo. Apesar dos esforços, as equipas de socorro não os conseguiram reanimar.
O incêndio foi provocado por um Porsche elétrico, que terá chocado contra um portão dentro do parque, por volta das 16 horas de quarta-feira. O veículo começou a arder e as chamas propagaram-se, atingindo depois a equipa de bombeiros de Alcorcón que tinha sido chamada para o combate ao incêndio.
Para além dos dois bombeiros que morreram, Guillermo, outro membro da corporação, sofreu ferimentos graves e encontra-se em estado crítico. Está sedado e entubado na unidade de queimados do Hospital de Getafe, com queimaduras superficiais nas mãos, cabeça e braços. De acordo com fontes médicas, tem o sistema respiratório bastante inflamado. Outros 13 bombeiros também sofreram ferimentos ligeiros devido à inalação de fumo e o condutor do carro elétrico necessitou de internamento hospitalar.
O "perigo" dos carros elétricos
"O perigo que representam os incêndios em carros elétricos em espaços fechados é enorme, (...) em comparação a um incêndio num carro de combustão", explicou Joaquín Pérez, um responsável dos bombeiros de Toledo que deu formação na extinção de incêndios em veículos de energias alternativas, em declarações ao "El Mundo".
"O primeiro perigo é que um carro elétrico arde muito mais depressa do que um carro a combustão, muito mais depressa. Mas um carro a combustão só tem um grande pico de incêndio, e em cinco minutos pode ser extinto. No entanto, um carro elétrico tem dois: primeiro ardem os plásticos e tudo o que está no exterior, digamos assim, mas depois ardem as baterias, constituídas por pequenas baterias que ardem umas a seguir às outras", acrescenta o especialista.
As fontes consultadas pelo jornal espanhol realçam que a investigação sobre a origem do incêndio será de extrema importância, mas uma coisa é certa, a dificuldade de apagar este tipo de fogo em veículos com baterias elétricas "é inegável, não há dúvida".