O ex-primeiro-ministro britânico Boris Johnson mentiu deliberadamente à Câmara dos Comuns nas várias ocasiões em que prestou esclarecimentos sobre as festas organizadas na residência oficial do chefe de Governo, no n.º 10 da Downing Street, durante as restrições impostas pela pandemia de covid-19, conclui a comissão parlamentar que examinou as suas várias versões.
Corpo do artigo
O relatório da Comissão de Privilégios propõe a suspensão de Boris Johnson das suas funções de deputado pelo período de 90 dias, por "repetido desrespeito" pelo Parlamento "e por ter procurado minar o processo parlamentar", mas o próprio renunciou na semana passada ao lugar nos "Comuns" ao conhecer a previsão das conclusões do inquérito.
Recorde-se que a Comissão de Privilégios da câmara baixa do Parlamento britânico abriu em junho de 2022 uma investigação ao escândalo "Partygate", relacionado com festas com dezenas de elementos do gabinete de Boris Johnson, com a sua participação, e com consumo de álcool, e que relatórios da Polícia e do próprio Governo concluíram violar as leis restritivas então em vigor, designadamente quanto ao distanciamento social.
A averiguação da comissão, presidida pela deputada trabalhista Harriet Harman centrou-se nas diversas versões dos acontecimentos apresentadas por Johnson perante os membros do Parlamento, para verificar se os enganou, ainda que de forma inconsciente.
A Comissão concluiu que, para além de faltar à verdade, o ex-primeiro-ministro, que deixou o Governo em julho do ano passado, fê-lo de forma deliberada e que recorreu à intimidação nos seus esforços de defesa.
Ao anunciar a sua saída do Parlamento, Boris Johnson atacou duramente a Comissão, considerando-a de ser parcial e "antidemocrática" e destinada a desferir "a punhalada final no assassínio político contínuo", tendo como único objetivo de alcançar a sua expulsão da Câmara dos Comuns.