Um relatório do Carbon Majors Database aponta que 57 grandes empresas produtoras de petróleo, gás, carvão e cimento estão diretamente ligadas a 80% das emissões mundiais de gases de efeito de estufa.
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O centro de pesquisa britânico InfluenceMap, que centrou a análise entre 1854 e 2022, monitorizou a contribuição dos grandes produtores de combustíveis fósseis e empresas de cimento, públicas e privadas, para as mudanças climáticas, apontando 122 grandes entidades como responsáveis por 72% de todas as emissões de dióxido de carbono (CO2) ligadas ao setor fóssil e ao cimento, entre elas a BP e a Repsol. Os especialistas tiveram em conta o CO2 direto (relacionado ao processo de extração e fabricação) e indireto (o dos produtos que comercializam uma vez queimados para gerar energia).
O banco de dados mostra ainda que apenas 57 produtores de petróleo, gás, carvão e cimento estão diretamente ligados a 80% das emissões mundiais de gases de efeito estufa. Embora os governos mundiais se tenham comprometido, desde o Acordo de Paris, a reduzir os gases de efeito estufa, a análise revela que a maioria das entidades visadas aumentou a produção de combustíveis fósseis e emissões relacionadas nos sete anos após o pacto climático, em comparação com os sete anos anteriores.
A BP ocupa o 8.º lugar e a Repsol coloca-se na 50.º posição entre as 122 entidades, públicas e privadas listadas no relatório. "A Repsol é um dos maiores grandes emissores de dióxido de carbono e tem desempenhado um papel importante historicamente", disse Emmett Connaire, analista da InfluenceMap e coautor deste relatório, ao jornal espanhol "El País".
"É moralmente condenável que as empresas continuem a expandir a exploração e a produção de combustíveis de carbono diante do conhecimento de que seus produtos são prejudiciais", disse Richard Heede, que estabeleceu o conjunto de dados Carbon Majors no ano de 2013, ao "The Guardian". "Não se pode culpar os consumidores que foram forçados a depender de petróleo e gás devido à captura dos governos por empresas de petróleo e gás", frisou.
As conclusões do InfluenceMap evidenciam o impacto desproporcional de um número relativamente pequeno de emissores nos níveis globais de CO2, enfatizando a necessidade urgente de haver mais transparência e responsabilidade por parte das grandes empresas. O relatório visa facilitar às múltiplas partes interessadas, como é caso dos governos, o acompanhamento e a abordagem do impacto climático dos principais emissores.