O Ministério das Relações Exteriores brasileiro convocou, esta quarta-feira, o mais alto representante dos Estados Unidos em Brasília na sequência de uma nota de apoio da embaixada ao ex-presidente Jair Bolsonaro, disse à Lusa fonte do Itamaraty.
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De acordo com a mesma fonte, o diplomata convocado é o encarregado de negócios dos Estados Unidos, Gabriel Escobar.
Horas mais cedo, a Embaixada dos Estados Unidos em Brasília divulgou uma nota a posicionar-se a favor de Jair Bolsonaro, tal como o presidente norte-americano, Donald Trump, havia feito na segunda-feira.
“Jair Bolsonaro e sua família têm sido fortes parceiros dos Estados Unidos. A perseguição política contra ele, sua família e seus apoiadores é vergonhosa e desrespeita as tradições democráticas do Brasil. Reforçamos a declaração do presidente Trump”, lê-se.
Na segunda-feira, último dia da cimeira dos BRICS e após novas ameaças de Donald Trump de impor uma tarifa aduaneira adicional de 10% aos países que "alinharem" com o bloco, o presidente dos Estados Unidos disse que o Brasil está a tratar "de uma forma terrível" o ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro, acusado pela justiça brasileira por tentativa de golpe de Estado.
"Eu vi, tal como o mundo, como eles não fizeram mais do que persegui-lo, dia após dia, noite após noite, mês após mês, ano após ano. Ele não é culpado de nada, exceto de lutar pelo povo!", escreveu na sua rede social Truth.
A resposta não se fez esperar e poucos minutos depois, a presidência brasileira frisou que o país não aceita "interferência ou tutela de quem quer que seja", depois do presidente norte-americano, Donald Trump, ter dito que o Brasil está a fazer "caça às bruxas" contra Jair Bolsonaro.
"A defesa da democracia no Brasil é um tema que compete aos brasileiros. Somos um país soberano. Não aceitamos interferência ou tutela de quem quer que seja", lê-se numa nota à imprensa assinada pelo presidente brasileiro, Lula da Silva.
"Ninguém está acima da lei. Sobretudo, os que atentam contra a liberdade e o estado de direito", acrescentou o chefe de Estado brasileiro
O ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro é acusado de uma tentativa de golpe de Estado que terá planeado contra Lula da Silva após perder as presidenciais de 2022.
No dia 8 de janeiro de 2023, um grupo de radicais, apoiantes de Jair Bolsonaro, influenciados por meses de desinformação sobre urnas eletrónicas e medo do comunismo, invadiram e atacaram o Palácio do Planalto, o Congresso e o Supremo Tribunal Federal, num ataque semelhante ao sucedido em 6 de janeiro de 2022 nos Estados Unidos.
A 27 de junho, o Supremo Tribunal Federal (STF) do Brasil deu por concluída a instrução do processo contra o ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro e outros sete réus acusados de tentativa de golpe de Estado.
O STF informava também que o juiz relator do caso, Alexandre de Moraes, determinou a intimação das partes para apresentarem as alegações finais, a última etapa na tramitação do processo, antes do seu julgamento.