Anders Behring Breivik afirmou, esta sexta-feira, em tribunal, que se preparou para os ataques de Oslo analisando ao pormenor atentados da al-Qaeda e de outros grupos e lendo mais de 600 manuais para fabrico de bombas.
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O autor confesso dos ataques de julho de 2011 em Oslo afirmou, na quinta audiência do seu julgamento, ter estudado em particular os atentados à bomba de 1993 contra o World Trade Center, em Nova Iorque, e de 1995 em Oklahoma, perpetrado por Timothy McVeigh.
Referindo-se à al-Qaeda, Breivik afirmou: "Estudei cada um dos ataques, o que fizeram mal e o que fizeram bem".
Para o extremista norueguês, a rede terrorista que era liderada por Osama bin Laden é "o mais bem sucedido movimento revolucionário do mundo" e devia servir de inspiração aos militantes de extrema-direita, apesar de os seus objetivos serem diferentes. "Queremos criar uma versão europeia da al-Qaeda", disse.
A avaliação da sanidade mental de Breivik, da qual vai depender a sua condenação à prisão ou a internamento psiquiátrico, voltou a ocupar boa parte da audiência.
"Eu não sou um caso psiquiátrico e sou criminalmente responsável", respondeu Breivik quando questionado sobre a sua aparente falta de empatia com uma advogada das partes civis no processo.
"Sou, normalmente, uma pessoa muito simpática", disse, acrescentando ter tido de suprimir as suas emoções, nomeadamente através da prática de meditação e do isolamento, para se preparar para os ataques.
Observado por especialistas psiquiátricos que, na sala de audiências, estão sentados à sua frente, Breivik explicou também que tem utilizado uma "linguagem técnica" para explicar os ataques para "se distanciar" dos seus atos e poder testemunhar melhor. "Se tivesse utilizado uma linguagem mais normal, penso que não me conseguiria explicar", disse.
Breivik está a ser julgado pelo assassínio a tiro de 69 pessoas que participavam num acampamento da juventude do Partido Trabalhista na ilha de Utoeya e pelo ataque à bomba junto à sede do governo no centro de Oslo que fez oito vítimas mortais.
Afirmando-se em guerra contra "as elites" que permitem a "islamização da Europa", Breivik admite os factos mas recusa dar-se como culpado.
"São atos horríveis, atos bárbaros. Nem consigo imaginar como é que as outras pessoas os vivem", disse. Mas, prosseguiu, decidiu cometer uma "operação suicida" - pensava que seria morto durante os ataques - depois de esgotar "todas as vias pacíficas" para promover a sua causa nacionalista, nomeadamente devido "à censura" dos 'media'.
Para ser capaz de cometer o tiroteio, o extremista, de 33 anos, disse ter recorrido a um "mecanismo de defesa" para "desumanizar" as suas vítimas, treinando-se mentalmente durante vários anos. "É preciso desumanizar o inimigo (...) Se não o tivesse feito, não teria conseguido", disse.