O julgamento de Anders Breivik, o autor confesso do assassínio de 77 pessoas em Julho de 2011, começa esta segunda-feira. O seu advogado garante que Breivik "não vai apenas explicar os seus actos, como vai dizer que se arrepende de não ter ido mais longe" no dia do massacre que marcou a Noruega.
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Segundo a Reuters, Geir Lippestad acrestou também que os noruegueses devem preparar-se para um julgamento "duro e exigente".
Os factos do caso não vão estar praticamente em discussão. Breivik já orgulhosamente admitiu que colocou uma bomba num edifício governamental em Oslo, matando 8 pessoas, e que matou a tiro 69 adolescentes numa ilha onde decorria uma reunião da juventude trabalhista norueguesa.
A preocupação dos noruegues com o julgamento, para o qual estão acreditados 800 jornalistas, reside principalmente na possível tentativa da defesa em transformá-lo num "circo" e numa plataforma de divulgação de ideias vindas da extrema-direita, nomeadamente a xenofobia.
A Reuters fala também numa carta recente, escrita por Breivik, e divulgada por um jornal norueguês, em que o acusado afirma que o "julgamento vai ser um circo... é uma oportunidade absolutamente única para explicar as minhas ideias ao mundo".
O tribunal já está devidamente preparado para receber o aparato mediático que se vai formar ao longo das 10 semanas de julgamento. Para se entrar no edifício, que está já rodeado pelos camiões de diretos televisivos das 200 organizações de média que se deslocaram a Oslo, é necessário ultrapassar controlos de segurança semelhantes aos de um aeroporto. A sala do julgamento é a maior da Noruega, e só tem lugar sentado para um décimo dos jornalistas, vítimas e familiares que se prevê quererem assistir.
O depoimento de Breivik está marcado para se iniciar na terça-feira e deverá durar uma semana.
Os juízes terão que decidir, mediante as duas avaliações psiquiátricas a Breivik que foram feitas, contraditórias entre si, se o acusado é inimputável (o que significa que será condenado a ficar num hospital psiquiátrico) ou se é imputável, ou seja, se estava consciente dos crimes que cometeu e por isso, passível de ser condenado a 21 anos de cadeia.