BRICS pedem cessar-fogo imediato em Gaza e condenam “uso da fome como método de guerra”
Os chefes de Estado e de Governo do grupo BRICS condenaram este domingo o “uso da fome como método de guerra” por parte de Israel em Gaza e apelaram a um “cessar-fogo imediato”.
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"Clamamos pelo respeito ao direito internacional, em particular ao direito internacional humanitário e ao direito internacional dos direitos humanos, e condenamos todas as violações do Direito Internacional Humanitário (DIH), inclusive o uso da fome como método de guerra”, lê-se na declaração de líderes do grupo formado por 11 países do chamado sul global e que incluiu países como o Brasil, China, Rússia, Índia e África do Sul.
Nesse sentido, os países dos BRICS apelam às partes para trabalharem “com vistas à obtenção de um cessar-fogo imediato, permanente e incondicional; à retirada completa das forças israelitas da Faixa de Gaza e de todas as demais partes do Território Palestino Ocupado, à libertação de todos os reféns e detidos em violação ao direito internacional”.
Ao contrário da guerra na Ucrânia, onde a declaração dos BRICS evitou mencionar a Rússia como o agressor, ou dos ataques ao Irão, onde não referiram Israel ou os Estados Unidos, neste caso apontaram diretamente Israel no conflito de Gaza.
Nas últimas semanas, segundo dados da ONU, mais de 400 habitantes de Gaza foram mortos a caminho dos pontos de distribuição de alimentos, que são controlados por Israel.
Desde 7 de outubro de 2023, quando o grupo islâmico palestiniano Hamas matou 1200 pessoas e raptou 251 em território israelita, a ofensiva de Israel na Faixa de Gaza já matou mais de 57 mil pessoas.
As partes preparam-se agora para negociar uma trégua em Doha, depois de o presidente dos EUA, Donald Trump, ter dito esta semana que Israel tinha aceitado uma proposta de cessar-fogo de 60 dias em Gaza e manifestado esperança de que o Hamas também concordasse com o acordo.
O presidente do Brasil, Lula da Silva, recebeu hoje no Rio de Janeiro líderes dos BRICS para a cimeira anual do grupo, marcada pela ausência de presidentes como o russo, Vladimir Putin, e o chinês, Xi Jinping, numa cimeira que conta com cerca de 30 países representados e uma dezena de organizações internacionais.
O grupo BRICS foi inicialmente formado pelo Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul e, desde o ano passado, conta com seis novos membros efetivos: Egito, Irão, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Arábia Saudita e Indonésia.
A estes juntam-se, como membros associados, a Bielorrússia, a Bolívia, o Cazaquistão, Cuba, a Malásia, a Nigéria, a Tailândia, o Uganda, o Uzbequistão e o Vietname.