Bruxelas retalia a partir de 1 de abril contra tarifas dos EUA sobre o aço e o alumínio

“Lamentamos profundamente esta medida”, afirmou a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, numa declaração sobre as tarifas norte-americanas, enquanto Bruxelas anunciava que iria "lançar uma série de contramedidas" em resposta às "restrições comerciais injustificadas".

“As tarifas são impostos. São maus para as empresas e ainda piores para os consumidores. Estas tarifas estão a perturbar as cadeias de abastecimento. Trazem incerteza para a economia”, afirmou. Von der Leyen estimou que as tarifas dos EUA valiam 28 mil milhões de dólares e que a resposta da União Europeia afetaria a mesma quantidade de produtos americanos.

As taxas de 25% impostas por Donald Trump sobre as importações de aço e alumínio entraram em vigor à meia-noite (4 horas em Portugal continental), desta quarta-feira, e marcam uma nova etapa na guerra comercial entre os Estados Unidos e os seus principais parceiros comerciais.

Washington considerou esta medida como uma tentativa de proteger o aço e os trabalhadores norte-americanos, numa altura em que o sector está em declínio e enfrenta uma concorrência feroz no estrangeiro, especialmente por parte da Ásia.

Estas alterações aduaneiras terão impacto na Austrália, no Canadá, na UE, no Japão e na China, bem como no Brasil e no México, apesar das tentativas de alguns para obterem isenções. Não é a primeira vez que Trump impõe direitos aduaneiros sobre os metais.

Durante a primeira presidência, impôs direitos sobre as exportações de aço e alumínio em 2018, obrigando a UE a responder com os seus próprios direitos mais elevados, que estão congelados até ao final de março.

Como parte da abordagem dupla da UE em relação às ações de Trump, von der Leyen disse que Bruxelas também permitirá que a medida anterior entre em vigor quando expirar. “Pela primeira vez, estas medidas de reequilíbrio serão aplicadas na íntegra. As tarifas serão aplicadas a produtos que vão desde barcos a bourbon e motocicletas”, disse a Comissão.

Von der Leyen afirmou, no entanto, que a UE está “disposta a encetar um diálogo significativo. Encarreguei o Comissário responsável pelo Comércio, Maros Sefcovic, de retomar as conversações para explorar melhores soluções com os EUA”.

Sefcovic tinha afirmado no início da semana que os Estados Unidos não estavam a “dialogar” com a UE, mas os funcionários europeus acreditam que a ameaça de retaliação será uma demonstração de força que trará a administração americana de volta à mesa das negociações. A Comissão lançou, nesta quarta-feira, um procedimento para impor as contramedidas.

O primeiro passo será uma “consulta de duas semanas às partes interessadas” para garantir que são visados os “produtos certos” e uma resposta “que reduza ao mínimo as perturbações para as empresas e os consumidores da UE”. As contramedidas da UE estarão totalmente em vigor em meados de abril, a menos que Trump inverta o rumo.