Um cidadão romeno, conhecido pela alcunha de "Cabeça de Porco", está a ser julgado em Madrid por alegadamente liderar uma rede de tráfico de seres humanos na Europa. Uma das supostas vítimas contou à Polícia que, quando estava grávida, foi pontapeada até começar a sangrar.
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Esta foi uma das declarações das alegadas vítimas feitas à Polícia durante a investigação e que esta quarta-feira foram lidas na Audiência Provincial de Madrid, durante a segunda sessão de julgamento de Ion Clamparu, de 43 anos, de acordo com o jornal espanhol ABC.
O Ministério Público pede uma pena de prisão efectiva de 30 anos por cinco crimes de incentivo à prostituição, um deles contra uma menor, e um crime de aborto. A defesa de Ion Clamparu pede a sua absolvição.
O suposto cabecilha fugiu da Roménia há oito anos, depois de ter sido condenado a 13 anos de prisão por tráfico de seres humanos e estupefacientes, avança a Euronews. O romeno, que chegou a ser um dos homens mais procurados pela Interpol, foi detido em Setembro do ano passado na capital espanhola.
Segundo o procurador do Ministério Público, Ion Clamparu começou a traficar mulheres na Roménia no ano 2000. As mulheres eram enviadas para Itália, Irlanda, França, Espanha ou Reino Unido, onde eram obrigadas a prostituírem-se.
Em Espanha, as mulheres eram mantidas na Casa de Campo, em Madrid. Uma delas contou à Polícia que foi espancada à chegada a Espanha, onde entrou com um passaporte falso arranjado pela rede, com uma falsa promessa de emprego de que iria ganhar 10 mil euros em três meses.
No dia seguinte, ela e outra jovens romenas foram levadas para a Casa do Campo, onde o cabecilha lhes perguntou o nome. Escreveu cada um num papel diferente, colocou-os numa fruteira e cada um dos elementos do grupo tirou à sorte o nome da mulher que iria trabalhar para ele como prostituta.
Contou também que, quando ficou grávida, o chulo a pontapeou na barriga até começar a sangrar e ser levada para uma clínica, onde abortou.
A mesma testemunha disse que lhe contaram que Ion Clamparu matou e esquartejou três mulheres; uma quarta foi amarrada para ser atacada e morta por cães.
A investigação policial começou em 2000, após denúncias de várias mulheres romenas obrigadas a prostituírem-se na Casa do Campo. As autoridades começaram a vigiar o edifício, tendo verificado que as vítimas eram muito controladas pois recebiam telefonemas constantemente.
A última sessão deste julgamento está marcada para o dia 9 deste mês.