O Ministério Público francês afirmou esta quarta-feira que as cabeças de porco deixadas em frente de mesquitas em Paris foram deixadas por estrangeiros que "deixaram imediatamente o país".
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O Ministério Público, contactado pela agência de notícias francesa France-Presse (AFP), condenou "uma vontade clara de provocar distúrbios no seio da nação" depois de ter sido publicada uma reportagem no canal de notícias BFMTV em que "um agricultor da Normandia contactou investigadores para informar que duas pessoas lhe tinham vindo comprar dez cabeças de porco".
De acordo com o agricultor, os suspeitos seguiam num veículo com "matrícula sérvia".
As cabeças foram descobertas na manhã de terça-feira em frente a várias mesquitas na área metropolitana de Paris e na capital.
As cabeças foram encontradas nas entradas de mesquitas dos distritos 15 (Vaugirard), 18 (Buttes-Montmartre) e 20 (Ménilmontant) de Paris, e em Montreuil e Montrouge, na periferia da capital francesa, precisou a agência de notícias espanhola EFE.
De acordo com a polícia metropolitana de Paris, uma das cabeças tinha escrita a palavra "Macron".
"Provocações insuportáveis" contra muçulmanos
O ministro do Interior, Bruno Retailleau, criticou na terça-feira as "provocações insuportáveis" contra os muçulmanos e qualificou como "cobardia insondável" atacar locais de culto.
"Espero que encontremos os responsáveis por este tipo de profanação", declarou Retailleau à imprensa após uma reunião de líderes do partido Les Républicains (LR).
O ministro disse que a República Francesa é laica e que cada cidadão pode "praticar a religião e exercer a sua profissão como entender".
"Quero que os nossos compatriotas muçulmanos possam praticar a sua fé em paz", acrescentou.
Fontes policiais citadas pelo jornal "Le Figaro" indicaram que as descobertas foram evoluindo à medida que as mesquitas eram abertas, pelo que não descartaram novas descobertas nas próximas horas.
Não é a primeira vez que incidentes como este são relatados.
Em março de 2024, na véspera do Ramadão, foi descoberta uma cabeça de porco numa mesquita turca em Calais (norte).
Cinco anos antes, em março de 2019, as paredes da futura mesquita de Bergerac (sudoeste, perto de Bordéus) foram manchadas com sangue animal e uma cabeça de porco foi colocada na porta principal, segundo a EFE.