Khuram Butt, um dos terroristas da Ponte de Londres, já tinha sido detido por ligação a uma organização terrorista e trabalhado para um homem acusado de treinar um dos cabecilhas dos ataques de 2005, na capital britânica. Ainda assim, em 2016, foi contratado pelos Transportes de Londres.
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Segundo a Scotland Yard, o britânico de origem paquistanesa era conhecido do MI5 por ligações ao extremismo islâmico, mas a investigação tinha sido desvalorizada por não existir qualquer indicação de que estaria a preparar um atentado, até ao momento em que, com outros dois terroristas, matou sete pessoas no ataque do último fim de semana, em Londres.
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Sabe-se que Butt tinha trabalhado num restaurante KFC, mas em 2016 foi contratado pelo Metro de Londres, com acesso aos túneis que se situam por baixo do Parlamento britânico, apesar de a sua ligação ao terrorismo já ser amplamente conhecida entre as forças de segurança. Foi despedido por faltar muito ao trabalho, apesar de ter um passado extremista, que não escondia e que poderia colocar sérias dúvidas à sua contratação.
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Na vida privada, os seus comportamentos exibiam uma cada vez mais notória radicalização. Khuram era um ávido consumidor de vídeos de clérigos radicais e tinha cortado relações com vários muçulmanos moderados que, por exemplo, cortavam a barba. Foi também expulso de uma mesquita por incomodar os outros frequentadores do espaço e o Imã, por ser "não-islâmico". Segundo o "Daily Mail", alguns amigos já teriam tentado avisar o MI5 sobre a sua radicalização.
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Participou em documentário sobre extremismo
A exibição mais pública de uma visão extremista do mundo foi a participação no documentário do Channel 4 "O Jiadista que mora ao lado", uma investigação sobre o radicalismo islâmico em Londres. Nesse filme, Khuram encontrava-se entre um grupo de extremistas que exibiam a bandeira do grupo Estado Islâmico em Regent's Park, no coração da capital inglesa.
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Durante a encenação para a câmara, a polícia apareceu e deteve os presentes que pertenciam ao grupo terrorista e ilegalizado no país "al-Muhajiron", mas todos foram libertados sem qualquer consequência. Butt estava a ser entrevistado no momento em que a polícia surge no local.
O documentário foi divulgado em janeiro de 2016 e acabou por despertar o interesse do MI5 no suspeito, mas a investigação não foi considerada prioritária, até o terrorista ter sido morto pela polícia no último sábado, durante o ataque na Ponte de Londres.
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A aparente falha nas investigações da Polícia Metropolitana de Londres e do MI5 está a causar desconforto no Reino Unido, com o atual presidente da câmara de Londres, Sadiq Khan, e o anterior ocupante do cargo, Boris Johnson, a exigirem saber como foi possível deixar passar esta informação.
Tanto mais que a "al-Muhajiron" tem estado na origem de mais de um quarto dos "incidentes jiadistas" no país nos últimos anos, revela o jornal britânico "The Telegraph". Terá sido nesta organização que se montaram os ataque de sete de julho de 2005, em Londres, que mataram 52 pessoas.
Segundo o "Times", a ligação de Butt ao extremismo também se cruza com o ataque de 2005, já que terá trabalhado num ginásio islâmico, propriedade de Sajeel Shadid, que terá treinado, no Paquistão, o principal bombista desta ação em três estações de metro e um autocarro londrino.