A Comissão de Serviços Públicos da Califórnia (CPUC, na sigla em inglês) autorizou, esta quinta-feira, as empresas Cruise e Waymo de operarem serviços pagos de transporte em veículos sem motoristas.
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Após uma audiência de sete horas, a CPUC aprovou, por três votos a favor e um contra, que a Cruise – uma subsidiária da General Motors – e a Waymo – propriedade da Alphabet, empresa dona da Google – podem realizar viagens pagas nos carros autónomos. Ambas já utilizavam a tecnologia na cidade de São Francisco.
"Hoje é o primeiro de muitos passos para trazer serviços de transporte de veículos autónomos para os californianos e estabelecer um modelo bem-sucedido e transparente a ser seguido por outros estados", afirmou um dos membros da comissão, John Reynolds, citado pela agência France-Presse (AFP). Em declarações reproduzidas pelo "The New York Times", Darcie Houck, outra integrante da CPUC que votou favorável à medida, disse ser "crítico que a indústria trabalhe diretamente com a cidade" para lidar com os problemas.
Apesar de nenhum relato de acidente grave com as viaturas sem motorista, autoridades locais reclamam que os carros frequentemente desligam-se quando encontram obstáculos inesperados. Genevieve Shiroma, a única a votar contra, expressou preocupações em relação à interferência no trabalho de bombeiros e polícias. A comissão "carece de informações suficientes para avaliar e incorporar o modo de segurança desse meio de transporte", salientou, segundo o mesmo jornal norte-americano.
A decisão não foi bem recebida por sindicatos e trabalhadores, como motoristas de táxi. Manifestantes na frente da sede da CPUC protestaram contra a medida, referindo a falta de segurança nas ruas, mas também a falta do pagamento de licenças para a operação das empresas, a perda de empregos e a falta de investimentos num transporte público limpo, conveniente e acessível.
"Waymo e Cruise vão tomar os nossos empregos e vidas" e "Coloque o transporte público à frente dos lucros privados" eram algumas das frases nos cartazes empunhados. "O futuro das cidades não são os carros, não importa de que tipo", afirmou um orador, citado pela AFP.
A luz verde da Califórnia foi recebida com reações favoráveis por um grupo de participantes de uma campanha organizada pela Waymo, com cerca de 100 empregados e passageiros a utilizar camisas amarelas com os dizeres "Estradas mais seguras para todos". O lema é utilizado pelos defensores dos veículos autónomos, que apontam ainda como benefícios uma maior indepêndencia das pessoas com deficiência e a ajuda no combate a discriminação.
A Waymo foi autorizada a ter veículos a circularem sem motorista a velocidades de até 105 quilómetros por hora, mesmo em condições meteorológicas adversas. A tecnológica, que oferecia viagens gratuitas, disse que a frota de carros autónomos – 250 durante o dia inteiro – "alinharia-se" de acordo com a procura, de acordo com o "The New York Times". A Waymo começará a cobrar as viagens dos atuais clientes e, em breve, permitirá a entrada de novos utilizadores, inscritas numa lista de espera com mais de 100 mil pessoas.
A Cruise recebeu permissão para fazer trajetos pagos em São Francisco a velocidades não superiores a 55 quilómetros por horas, sendo proibida de operar no caso de neblina densa ou fumo pesado. Com 300 viaturas no período noturno e 100 durante o dia, a empresa deverá expandir o negócio para novas partes da cidade, já que atualmente realiza viagens na área Noroeste.
Carros autónomos entraram em circulação em São Francisco em 2014, mas o estado da Califórnia exigia a presença de um ser humano como "motorista de segurança". A medida obrigatória foi extinta em 2018.