O primeiro-ministro britânico, David Cameron, alertou para a ameaça que o Estado Islâmico representa e diz que é preciso mais do que ajuda humanitária para enfrentar os "jihadistas". Médico espanhol no Curdistão relata "genocídio medieval" de civis no Iraque e também defende uma intervenção internacional.
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As forças curdas recuperaram, domingo, a maior barragem do Iraque, a norte de Mossul, sob controlo do Estado Islâmico (EI) há dez dias. Com apoio aéreo norte-americano, as forças curdas conseguiram também recuperar o controlo de duas localidades cristãs no Iraque. Um responsável local indicou que as forças norte-americanas bombardearam outras áreas na zona de Telquif, atacando diferentes grupos e posições dos "jihadistas".
Esta "conquista" de terreno ocorreu no dia em que o primeiro-ministro britânico alertou para a ameaça que o EI representa, defendendo que só a ajuda humanitária não chega. "Se não fizermos nada contra este movimento terrorista excecionalmente perigoso, ele vai tornar-se cada vez mais forte até nos atingir nas ruas britânicas", escreveu num artigo publicado no "Sunday Telegraph". Estima-se que 400 britânicos estejam nas fileiras do EI.
David Cameron fala numa "batalha contra uma ideologia venenosa", deixando entreabrir a porta para o regresso dos britânicos ao Iraque, segundo a BBC. "Esta ameaça não pode simplesmente ser removida com ataques aéreos. Precisamos de uma abordagem dura, inteligente e de longo prazo", refere o primeiro-ministro britânico. "Uma segurança plena só será alcançada se usarmos todos os nossos recursos - ajuda humanitária, diplomacia e poderio militar", acrescenta.
Crucificações e cabeças decapitadas
Do terreno continuam a chegar relatos dramáticos. Juan Sotomayor, cirurgião de Barcelona, de 46 anos, chegou há três meses ao Curdistão para dar formação e está em Erbil, a 50 quilómetros dos "jihadistas". Num testemunho escrito ao jornal "El Mundo" denuncia "um genocídio medieval". Há pessoas degoladas em público, execuções em massa, crucificação de infiéis, mulheres e crianças enterradas vivas. "A cidade de Mossul está repleta de cabeças decapitadas penduradas nas linhas elétricas".
"Sem a intervenção internacional o massacre está garantido", adverte o médico, que já realizou missões humanitárias em dez destinos como Afeganistão e Sudão.