O presidente da Câmara de Quelimane apresentou-se, este sábado, à polícia depois de ter ouvido na rádio que é alvo de um mandado de captura por agressões em Gurué na sexta-feira mas ainda não foi formalizada qualquer medida.
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O presidente do município de Quelimane e dirigente do Movimento Democrático de Moçambique (MDM) apresentou-se ao oficial de dia no Comando Provincial da Polícia da República de Moçambique (PRM), na capital da província da Zambézia, às 15.45 horas (13.45 horas em Portugal continental), após ter sido noticiado que tinha sido emitido um mandado de captura na vila de Gurué, a cerca de 500 quilómetros do litoral, sexta-feira, durante uma ação de campanha.
Dirigindo-se ao oficial da PRM, Manuel de Araújo afirmou que tinha ouvido que estava sujeito a um mandado de captura sobre alegados incidentes que teriam acontecido na vila de Gurué (antiga Vila Junqueira) durante uma ação de campanha de apoio ao candidato local do MDM às eleições locais de 21 de novembro.
"Eu estava no Gurué e ouvi pela rádio que tinha um mandado de captura. Chamo-me Manuel de Araújo. Esta manhã tinha uma série de programas para cumprir e só agora estou a sair da cerimónia de graduação da Universidade Católica mas mandei mensagem para o comandante da Polícia Provincial e como faltam 15 minutos para as 16 horas e ainda não soube de nada eu estou aqui para que me entregue ou para que digam que sou fugitivo", disse o presidente da Câmara de Quelimane dirigindo-se ao oficial de dia da PRM.
"Vamos tratar do assunto" respondeu o oficial de dia que convidou o autarca a aguardar no exterior do edifício da polícia.
Passados mais de 30 minutos, Manuel de Araújo, que se recandidata ao cargo de presidente do município de Quelimane pelo MDM informou as autoridades que vai ainda participar num comício de campanha eleitoral ao fim da tarde, tendo abandonado as instalações da polícia sem que tivesse notificado.
"Eu vejo que a democracia em Moçambique está inversamente distribuída. Quanto mais longe de Maputo menos democracia há e Gurué é um exemplo de um espaço não democrático. De um espaço onde existem polícias que eu chamaria de fascistas, onde existe uma autoridade que não permite e que não respeita o instituído na Constituição da República", disse Manuel de Araújo à Lusa, na sequência da notícia do mandado de captura.
Na sexta-feira, Manuel de Araújo foi retido três vezes na província da Zambézia pela polícia. Duas vezes em Gurué - onde chegou a ser conduzido às instalações da PRM - e mais tarde num controlo de estrada entre a antiga Vila Junqueira e Misange, próximo da fronteira com o Malawi, onde também esteve presente num comício de apoio ao candidato local do MDM.
Manuel de Araújo nega as informações sobre a suposta agressão e disse à Lusa que depois de ter ouvido a notícia sobre o mandado de captura divulgou o programa da campanha de hoje ao governador da Província da Zambézia, à presidente da Assembleia da República, a vários deputados do Parlamento em Maputo e também ao comandante provincial da PRM, em Quelimane.