As autoridades chinesas levantaram, esta quarta-feira, parcialmente as restrições anticovid em várias zonas das cidades de Cantão e Zhengzhou, apesar do elevado número de infeções e após protestos em várias partes do país contra as medidas.
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Alguns distritos da cidade meridional de Cantão (ou Guangzhou) podem beneficiar do levantamento de algumas das medidas mais restritivas contra a covid-19, anunciaram as autoridades locais, segundo a agência espanhola Europa Press.
"Os confinamentos, se estabelecidos, devem ser levantados rapidamente e devem ser terminados quando necessário para minimizar os inconvenientes para o público", disse o vice-diretor da Comissão de Saúde de Cantão, Zhang Yi, ao jornal de Hong Kong South China Morning Post.
Situada no sul da República Popular da China, Cantão é a capital de Guangdong, uma província com 126 milhões de habitantes que faz fronteira com as regiões administrativas especiais chinesas de Macau e Hong Kong.
O alívio das medidas ocorre após manifestações de protesto contra a política de "zero casos" adotada pelas autoridades chinesas para combater a pandemia de covid-19, declarada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em março de 2020.
Os protestos intensificaram-se no fim de semana passado, com a notícia da morte de 10 pessoas num incêndio em Xinjiang, cujo socorro foi alegadamente prejudicado pelas medidas restritivas à circulação nesta região do noroeste da China.
Cantão voltou hoje a registar confrontos violentos entre a polícia e manifestantes que protestavam contra as medidas anticovid.
Na cidade, com 19 milhões de habitantes, deixam de ser obrigatórios os testes em massa, que só serão feitos a pessoas que estiveram em contacto próximo com alguém infetado.
Em contraste, as autoridades de Macau, cerca de 100 quilómetros a sul de Cantão, decretaram que todos os residentes terão de fazer testes rápidos de antigénio entre hoje e sexta-feira, à exceção de crianças com menos de 3 anos.
A medida, que abrangeu mais de 725.000 pessoas no início de novembro, seguiu-se à deteção de cinco novos de infeção no território.
Na cidade de Zhengzhou, onde se encontra uma fábrica de montagem de telefones da tecnológica norte-americana Apple, as autoridades também anunciaram o levantamento de algumas das medidas em vigor, especialmente as relacionadas com o confinamento.
A decisão foi tomada depois de as autoridades sanitárias chinesas terem emitido uma ordem para que as autoridades locais evitassem grandes restrições, na sequência dos fortes protestos.
A partir de quarta-feira, Zhengzhou retirará os seus conhecidos "controlos de mobilidade", o confinamento 'de facto' da cidade, e substituí-la-á por "medidas normais covid-19", anunciaram as autoridades em comunicado.
As empresas poderão retomar as operações normais e as pessoas que vivem em áreas de alto risco não terão de ser testadas desde que não saiam das suas casas.
No início de novembro, a Apple foi forçada a avisar os clientes de que os tempos de espera para novos modelos de iPhone aumentariam em resultado do impacto das restrições impostas para conter a covid-19.
Desde então, Zhengzhou tem procurado ajustar estas restrições à medida que aumentam as tensões com a empresa, que está localizada na zona de alto risco de contágio da cidade.
A própria fábrica da Apple enfrentou protestos após quase um mês de duras restrições, que dificultaram grandemente a produção.
A China registou mais de 37.600 infeções com o vírus da covid-19 no último dia, sendo a província de Guangdong uma das mais afetadas.