O cardeal de Santiago, no Chile, apelou a quem souber o paradeiro dos corpos das vítimas da ditadura de Pinochet para partilhar a informação com a Igreja.
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"Irmãos que têm informações, pedimo-vos pelo bem dos familiares que sofrem e pelo bem de vocês mesmos que partilhem esses dados. Nós, Igreja Católica, estamos disponíveis para prestar esse serviço de receber a informação e entregá-la, de forma anónima às autoridades", afirmou o cardeal Celestino Aós, citado pelo jornal "El País", durante uma cerimónia religiosa onde esteve o presidente do Chile.
O pedido surge depois do executivo, liderado por Gabriel Boric, ter lançado um plano nacional de buscas para assinalar os 50 anos do golpe militar que acabou com o regime de Pinochet. O objetivo deste plano é encontrar mais de mil vítimas de tortura e assassinato, durante o regime que vigorou no país durante 17 anos.
Celestino Aós relembrou o papel importante da Igreja no processo de reconhecimento das vítimas do regime, uma vez que a instituição prestou ajuda jurídica, económica, espiritual a pessoas perseguidas pela ditadura militar.
A ministra secretária-geral do governo, Camila Vallejo, encara este apelo como "um momento histórico para o país, no marco dos 50 anos, que a Igreja tenha dado esse sinal".
Esta não é, contudo, a primeira vez que as autoridades eclesiásticas chilenas tomam a iniciativa para mediar a informação sobre as vítimas desaparecidas, durante o governo de Ricardo Lagos (2000-2006) a Igreja participou numa iniciativa semelhante, que concluiu que algumas vítimas foram atiradas ao mar.