O rei Carlos III desfrutou, esta segunda-feira, de um passeio no parque de Ottawa, no primeiro dia de uma visita simbólica ao Canadá, que vive há meses no ritmo das ameaças de anexação do presidente americano Donald Trump.
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O soberano e chefe de Estado do Canadá, país da Commonwealth, foi recebido pelo primeiro-ministro canadiano, Mark Carney, que qualificou a visita como uma "honra histórica, à altura dos desafios" que o país enfrenta. Salvo algumas trocas com a multidão que o recebeu, Carlos III não falou em público no primeiro dos dois dias da visita.
A visita de Carlos III, que chegou acompanhado da rainha Camila, é a sua 20.ª viagem ao Canadá, mas a primeira desde que se tornou rei em setembro de 2022. O casal real visitou um mercado de agricultores, presenciou um espetáculo de dança aborígene e o início de um jogo de hóquei de rua. Pouco depois, no Rideau Hall, residência oficial da governadora-geral, o rei participou na plantação de uma árvore. Ao seu redor, os convidados cantaram o hino canadiano e gritaram "Deus Salve o Rei".
O monarca de 76 anos, que sofre de cancro há mais de um ano, foi convidado por Carney para fazer o chamado "discurso do trono" na terça-feira, para marcar a reabertura do Parlamento canadiano. Normalmente, o discurso do trono é redigido pelo gabinete do primeiro-ministro e pronunciado pelo governador-geral, que representa a Coroa britânica no Canadá, cargo ocupado atualmente por Mary Simon. Este discurso, ponto culminante da visita real de 24 horas à capital, detalhará as prioridades do novo governo de centro-esquerda de Carney. O discurso será examinado com especial atenção, principalmente em questões de soberania e relações comerciais, num momento em que Trump insiste no seu desejo de anexar o país de 41 milhões de habitantes, ao qual também impôs recentemente um aumento das tarifas alfandegárias.
Carney, primeiro-ministro desde meados de março, colocou a defesa da soberania do Canadá no centro da sua campanha. Em 6 de maio, disse a Trump na Casa Branca que o Canadá "nunca estará à venda", respondendo às declarações do republicano sobre as "vantagens formidáveis" para os canadianos no caso de um "casamento maravilhoso" entre as nações.
Obrigado a manter uma estrita neutralidade política, Carlos III nunca fez qualquer comentário público sobre as aspirações do presidente americano, que, por outro lado, é um grande admirador da família real.
Isabel II, a falecida mãe do rei Carlos III, pronunciou apenas duas vezes o discurso do trono durante o seu longo reinado: em 1957 e 1977.