Carros incendiados, tiros de kalashnikov e mensagem misteriosa: prisões francesas sob ataque
Investigadores antiterrorismo franceses estão a tentar identificar os autores de vários ataques, que ainda não foram reivindicados, que visaram estabelecimentos prisionais, alvo desde domingo de incêndios de veículos e até de disparos de armas automáticas.
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De acordo com as conclusões iniciais da investigação, todas as hipóteses estão a ser consideradas, adiantou hoje à agência France-Presse (AFP) fonte ligada ao processo. No total, 21 veículos foram vandalizados e/ou incendiados desde domingo à noite, segundo fonte policial.
Em Marselha e Valence, duas cidades do sudeste de França, foi encontrada a sigla "DDPF" (Direitos dos Prisioneiros Franceses), referiu a mesma fonte.
"Não sei o que está por detrás deste slogan, e, além disso, não me interessa", frisou o ministro da Justiça francês, Gérald Darmanin, desde a prisão de Toulon-La Farlède, também no sudeste de França, cuja porta estava crivada de marcas de balas de Kalashnikov.
Salientando que "não houve qualquer reivindicação de responsabilidade", disse esperar que os autores destes atos "sejam condenados e recebam sentenças extremamente pesadas", acrescentando que pediu ao seu colega no Ministério do Interior, Bruno Retailleau, para "mobilizar todos os meios" para proteger os agentes prisionais.
Bruno Retailleau frisou hoje de manhã que solicitou um reforço imediato da proteção dos agentes e estabelecimentos prisionais.
Referindo-se à sua política de endurecer as penas de prisão contra os reclusos mais perigosos, Darmanin sublinhou que houve "claramente atos de intimidação contra os agentes da polícia e, portanto, contra a República".
Após os incidentes ocorridos entre domingo e hoje em várias prisões e na Escola Nacional de Administração Penitenciária (Enap), a Procuradoria Nacional Antiterrorismo (Pnat) assumiu o inquérito, aberto por associação criminosa ao terrorismo.
Em comunicado de imprensa, a Pnat explicou que tomou as medidas devido à "natureza dos factos, aos alvos escolhidos e ao caráter concertado de uma ação cometida em múltiplos pontos do território, bem como ao objetivo que prosseguem de perturbar gravemente a ordem pública através da intimidação, conforme alegado nas redes sociais por um grupo denominado 'DDPF'".
Num "contexto inédito", a Pnat pretende garantir "coordenação nacional das investigações".
Na madrugada de segunda-feira, o portão da prisão de Toulon-La Farlède foi alvo de tiros disparados por "vários indivíduos" que chegaram num veículo, segundo o procurador de Toulon.
Foram registados quinze impactos após estes disparos de Kalashnikov, de acordo com uma fonte próxima do caso.
Oito veículos foram também incendiados num concessionário perto da prisão de Nîmes (sul) na noite de domingo para segunda-feira, segundo o Ministério Público local.