Cartas, mensagens de apoio e peluches: a correspondência semanal do Papa Leão XIV
Num enorme depósito do Poste Italiane, serviço de correios na Itália, entre dezenas de caixas amarelas enfileiradas, acumula-se uma pilha de envelopes endereçados ao Vaticano. É apenas uma pequena fração da meia tonelada de correspondência que o Papa Leão XIV recebe semanalmente.
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É ali, numa área técnica do Aeroporto Internacional de Fiumicino, em Roma, que a correspondência enviada por fiéis do Mundo inteiro ao chefe da Igreja Católica é classificada diariamente, com a menção "Sua Santità Papa Leone XIV, 00120 Città del Vaticano".
As cartas do dia chegam de Hong Kong, Camarões, Brasil, Estados Unidos e até mesmo do Principado de Andorra. Uma delas traz três selos com a imagem da bandeira americana. No verso de outra, corações foram desenhados por uma mão trémula, certamente de uma criança.
"Recebemos centenas de cartas por dia endereçadas ao Papa, com picos de até 100 quilos por dia, o que representa uma média entre 500 e 550 quilos por semana", disse à AFP Antonello Chidichimo, diretor do centro de triagem de Fiumicino. "Há cartas escritas por crianças, cartões-postais e é lindo ver que, na era digital, muitas pessoas ainda usam caneta para escrever ao Papa”.
Uma vez classificada por máquinas automatizadas compostas por passadeiras transportadoras e leitores óticos, ou manualmente, se necessário, o que permite que até mesmo um endereço aproximado chegue ao destino, a correspondência é recolhida por um veículo que a entrega no mesmo dia ao Vaticano, a cerca de 20 quilómetros de distância.
Em plena temporada de verão, o serviço postal italiano expressou surpresa com o fluxo contínuo desde a eleição de Robert Francis Prevost em 8 de maio, ainda relativamente desconhecido do público. No entanto, ainda está longe dos picos históricos, como os registados durante a hospitalização do popular papa Francisco no início do ano.
No Vaticano, milhares de peregrinos e turistas que passam por Roma também podem escrever ao Sumo Pontífice: basta deixar a carta numa agência do serviço postal do Vaticano, onde é retirada quatro vezes ao dia para ser levada ao Palácio Apostólico.
"Muitos que entregam as cartas vêm da América do Sul ou da Ásia", disse à AFP Nicola Vaccaro, funcionário da agência central localizada na famosa Praça de São Pedro. "Eles escrevem principalmente para pedir uma intercessão por um doente ou um ente querido", conta, acrescentando ter visto "pacotes" e até "um ursinho de peluche".
Atrás dos muros do menor Estado do mundo, toda a correspondência é centralizada e classificada pela Secretaria de Estado, um componente-chave da administração central da Santa Sé, responsável por realizar as verificações habituais e entregar as cartas à secretaria do Papa.
Remetentes que indicarem a sua morada ou e-mail podem esperar uma resposta. O Papa Francisco, conhecido por sua proximidade com os fiéis, às vezes respondia pessoalmente, usando notas manuscritas que o seu secretário pessoal digitalizava e enviava por e-mail.