A Casa Branca proibiu por tempo indeterminado a entrada de jornalistas da agência noticiosa norte-americana Associated Press (AP) na Sala Oval e no Air Force One por terem utilizado a designação “Golfo do México” em vez de “Golfo da América”.
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O porta-voz do Presidente dos Estados Unidos, Taylor Budowich, afirmou na rede social X que, embora a AP tenha o direito, previsto na Primeira Emenda, de informar "de forma irresponsável e desonesta", isso não lhe dá o direito de ter “acesso ilimitado a espaços limitados como a Sala Oval ou o Air Force One [avião presidencial]".
“A partir de agora, esse espaço estará aberto aos muitos milhares de jornalistas que têm sido impedidos de cobrir estas áreas reservadas da Administração. Os jornalistas e fotógrafos da Associated Press manterão as suas credenciais para o complexo da Casa Branca”, acrescentou.
Isto acontece poucas horas depois de a Administração Trump ter negado o acesso a um jornalista da agência noticiosa norte-americana à conferência de imprensa realizada entre o presidente norte-americano, Donald Trump, e o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi.
A Casa Branca já defendeu esta semana o veto de outro repórter da agência noticiosa por não utilizar o nome “Golfo da América” e questionou se existem meios de comunicação que não utilizam esta denominação geográfica quando já existem empresas como a Apple ou a Google que o reconhecem.
“Se virmos os meios de comunicação social nesta sala a espalhar mentiras, vamos responsabilizá-los e é um facto que a massa de água ao largo da costa da Louisiana se chama Golfo da América”, disse a porta-voz Karoline Leavitt numa conferência de imprensa.
A editora executiva da agência noticiosa, Julie Pace, denunciou que a Casa Branca tinha pedido ao órgão de comunicação social para “alinhar os seus padrões editoriais com a ordem executiva de Trump”, renomeando o Golfo do México.
Por seu lado, o Comité para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) disse que estas “represálias” contra a AP “minam o compromisso declarado do presidente dos EUA com a liberdade de expressão”.
“Estas ações seguem um padrão de difamação e criminalização da imprensa por parte da atual administração e são inaceitáveis”, afirmou a diretora executiva do CPJ, Jodie Ginsberg, num comunicado hoje divulgado.
Trump diz que liberdade de expressão está ameaçada na Europa
O presidente dos Estados Unidos Donald Trump manifestou sexta-feira preocupação com o que diz ser uma ameaça ao "direito à liberdade de expressão" na Europa, no seguimento de declarações semelhantes do seu vice-presidente, JD Vance.
Questionado sobre o discurso de JD Vance na Conferência de Segurança de Munique, onde lamentou o declínio da liberdade de expressão no Velho Continente, Donald Trump reforçou: "A Europa está a perder o seu maravilhoso direito à liberdade de expressão".
"A Europa tem um grande problema de imigração", acrescentou o republicano.
No seu discurso em Munique, o vice-presidente norte-americano afirmou que a liberdade de expressão está a diminuir, sobretudo na Europa, criticando os aliados pela redução de valores partilhados com os Estados Unidos.
Lamentando "a perda dos valores europeus", Vance criticou os países por suprimirem "visões políticas alternativas" e perseguirem mensagens divergentes.
"A ameaça que mais me preocupa para a Europa é a ameaça interna representada pelo recuo da Europa em relação aos valores que partilha com os Estados Unidos", afirmou.
Segundo Vance, as regulamentações de Bruxelas sobre as redes sociais são um ataque à liberdade de expressão "num esforço para combater o que chamam de 'discurso de ódio'", assim como as ações da polícia alemã, que acusou de perseguir indivíduos por "lançarem discursos antifeministas".
"Quando vemos tribunais europeus a anular eleições", disse Vance sobre a recente decisão do Tribunal Europeu dos Direitos Humanos de rejeitar as alegações do candidato presidencial pró-russo da Roménia para validar a sua vitória eleitoral, "temos de nos perguntar se precisamos de fazer mais do que apenas falar de valores e começar a agir de acordo com eles".
Segundo sublinhou, se uma democracia for destruída por mensagens pagas por uma potência estrangeira é porque, "provavelmente, não era uma democracia muito forte".
No seu discurso, Vance mencionou em particular o caso da Roménia, onde a primeira volta das eleições presidenciais foi anulada pelo Tribunal Constitucional. O candidato de extrema-direita Calin Georgescu saiu inesperadamente na frente na sondagem com mais de 20% dos votos, fazendo campanha sobretudo na plataforma chinesa TikTok, que se suspeita ter sido manipulada.