Um homem e uma mulher morreram abraçados e assim ficaram no fundo do mar, presos dentro do barco que os deveria ter levado a cumprir um sonho. Os corpos do casal foram filmados pela equipa encarregue de recuperar os cadáveres dos imigrantes que morreram no naufrágio, ao largo da ilha de Lampedusa, em Itália.
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O abraço dado em vida e firmado para lá da morte surge como símbolo da tragédia vivida às portas da Europa, com a morte de centenas de imigrantes africanos que tentam cumprir o sonho de uma vida melhor. Esta quinta-feira, naufragou uma outra embarcação, que causou a morte de 17 imigrantes. Há 200 desaparecidos.
"Lampedusa, o horror no fundo do mar. Assim morre um imigrante", titulou a edição online do jornal italiano La Repubblica, ao divulgar o vídeo da guarda costeira italiana durante o resgate dos corpos dos imigrantes, em outubro de 2013.
O impressionante vídeo mostra dezenas de corpos que ficaram no fundo do mar de Lampedusa e muitos dos que ficaram presos ao tentar fugir da morte. A maioria dos passageiros do navio, que viajaram no porão, não teve sequer espaço para tentar a fuga. A muitos só lhes restou abraçar um companheiro de viagem enquanto morriam.
Morreram 366 pessoas e apenas 155 conseguiram salvar-se.
Durante as operações de resgate, nos dias a seguir ao naufrágio, os mergulhadores contaram relatos impressionantes do que viram no porão do barco afundado. Como o de uma mulher que morreu com o seu bebé entre as pernas. "Só quando retiramos o corpo do barco é que descobrimos que debaixo da saia da mulher havia um bebé. Nenhum de nós conseguia acreditar. Começámos todos a chorar, fiquei com a minha máscara cheia de lágrimas", contou um dos mergulhadores ao "La Republicca".
Desde o início deste ano, 34800 imigrantes ilegais conseguiram atravessar o Mediterrâneo, da costa africana até à União Europeia, segundo números do Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR).
"Sentimo-nos destroçados com o crescente número de vítimas entre os que procuram asilo por causa de ações sem escrúpulos de traficantes", disse Adrian Edwards, porta-voz do ACNUR.