Casal vendia tigres brancos, leopardos negros e felinos híbridos pelas redes sociais

A “Operação Kotach”, iniciada em março do ano passado, tinha por alvo um casal russo que se tinha instalado na cidade de Ariany, em Palma de Maiorca, e possuía um terreno onde criava servais, caracais (conhecidos por linces-do-deserto) e outros híbridos com gatos domésticos, que depois colocava à venda nas redes sociais, alcançando inúmeros compradores de diferentes continentes.

O homem de 48 anos e a mulher de 46 cometeram, alegadamente, crimes contra a vida selvagem, contrabando, organização criminosa e documentação falsa. Outro homem de 48 anos, de nacionalidade israelita, está a ser investigado pelos mesmos crimes.

De acordo com as investigações, a criação de caracais e servais era apenas parte do esquema internacional que envolvia outras espécies protegidas como tigres brancos, leopardos negros e hienas. A maioria dos animais provinha da Rússia, da Bielorrússia e da Ucrânia e tinham sido introduzidos clandestinamente no território da União Europeia, através da fronteira entre a Polónia e a Bielorrússia, local a partir do qual foram distribuídos. A organização criminosa global envolvia criadores, transportadores e veterinários.

Na Rússia e na Ucrânia, as tentativas de criar este tipo de felinos como animais de estimação aumenta cada vez mais, mas os proprietários acabam por se desfazer das espécies, seja por ocuparem muito espaço ou serem muito agressivas e constituírem um perigo para outras pessoas e animais. Os caracais e os servais encaram os gatos domésticos como presas e não como espécies de acasalamento, matando-os ou ferindo-os gravemente.

Apesar dos problemas de esterilidade e viabilidade das crias devido a nascimentos prematuros, muitos criadores conseguem hibridar os felinos com gatos domésticos. O objetivo da hibridação é produzir gatos exclusivos pelo que um caracal ou serval que custa, por norma, mais de oito mil euros, depois de passar por este processo pode facilmente atingir os 18 mil. Nas plataformas digitais, o casal vendia uma pantera nebulosa por 60 mil euros e, de acordo com as autoridades, o animal era sempre vendido sem a documentação que lhe deve ser anexada.

Nas buscas à casa dos suspeitos, foram apreendidos dois servais, um caracal e dezasseis híbridos. Além disso, foram encontrados mais de 40 passaportes de animais dos vários países e uma grande quantidade de material informático.