Cerca de uma centena de órgãos de comunicação social internacionais pediram hoje à administração Trump que abandone o plano de encurtar os vistos de jornalistas estrangeiros nos Estados Unidos, argumentando que isso "reduzirá a quantidade e qualidade" da informação.
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"Isto prejudicaria a posição global dos Estados Unidos, em vez de a reforçar", escreveram os signatários de uma carta aberta, entre os quais se conta a BBC (Reino Unido), a ZDF (Alemanha), as agências internacionais de notícias Associated Press e Reuters, e os grupos de defesa dos direitos de jornalistas RSF (Repórteres Sem Fronteiras) e FIJ (Federação Internacional de Jornalistas).
No final de agosto, a administração Trump propôs reduzir o tempo de permanência nos Estados Unidos de estudantes e jornalistas estrangeiros, na sequência de um aumento das restrições à migração legal para o país.
De acordo com o projeto, os jornalistas estrangeiros passariam a ter um limite de permanência nos EUA de 240 dias, podendo solicitar renovações pelos mesmos períodos. Apenas os jornalistas chineses teriam um limite de 90 dias.
Até à data, os Estados Unidos sempre concederam vistos de jornalistas de até cinco anos.
Esta redução da duração do visto "interromperia este sistema testado pelo tempo, criaria instabilidade para os correspondentes e as suas famílias e diminuiria a quantidade e a qualidade da cobertura [das notícias sobre] os Estados Unidos", argumentam os signatários da carta aberta.
"Ao passar anos, e não meses, no terreno, os jornalistas adquirem o conhecimento profundo, os contactos e a imersão necessários para explicar os Estados Unidos a públicos de todo o mundo", acrescentam.
A redução proposta na duração dos vistos "corre o risco de tornar o mundo menos informado sobre as notícias e atualidade norte-americanas. Nações rivais e adversários poderosos [do país] apressar-se-ão a preencher este vazio com narrativas sobre os Estados Unidos que servem os seus próprios interesses", preveem os signatários.