Mais de 300 manifestações marcam, nesta quinta-feira, em todo o país, mas sobretudo em Paris e nas principais cidades, a nona mobilização nacional contra as alterações às regras das pensões de reforma em França, subindo o tom das greves e concentrações que se arrastam há dois meses e que estão a afetar setores como a energia, os transportes e a recolha de resíduos.
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Em causa, recorde-se, está a nova lei da segurança social que o Governo fez passar sem votação na Assembleia Nacional e que prevê a passagem da idade de reforma para os 64 anos, com a obrigatoriedade de 43 anos de descontos para que as pensões possam ser completas.
Oficialmente, as autoridades esperam que as concentrações, para as quais a Polícia mobilizou 12 mil agentes, envolvam até 800 mil pessoas, mas as centrais sindicais e outras organizações estão a apelar a uma "mobilização massiva".
Os primeiros desfiles começaram pela manhã, nomeadamente em Reims, Nantes, Montpellier, Marselha, Cambrai, Guerét e Aurillac.
Na noite de quarta-feira repetiram-se marchas espontâneas e protestos em várias cidades, registando-se confrontos entre manifestantes e polícias.
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A mobilização converge com paralisações nos transportes, refinarias, energia, recolha de resíduos e educação (24,3% de adesão), havendo centenas de escolas secundárias e faculdades bloqueadas. A greve dos controladores aéreos obrigou ao cancelamento de 30% dos voos no aeroporto de Orly (Paris) e 20% nos de Marselha, Toulouse e Lyon.
Nos caminhos-de-ferro, circulam metade dos comboios de alta velocidade e 30% das viagens regionais estão afetadas. Na periferia de Paris, a greve suprimiu entre 50% e 80% das ligações. Na rede metropolitana da capital funcionam apenas as duas linhas automáticas (01 e 14). Nas restantes, o serviço encontra-se reduzido.
A paralisação nas refinarias mantém-se e os piquetes de greve à entrada das instalações procuram impedir a saída de combustível. O diário "Le Monde" precisa que 15,14% dos postos de abastecimento estão em penúria.
Apesar de o Governo ter imposto o regresso ao trabalho a alguns funcionários nos depósitos de combustível, o número de postos de abastecimento sem carburantes continua a aumentar.
O bloqueio dos trabalhadores ao depósito de Gonfreville, na Normandia, que abastecem os aeroportos de Paris, pode provocar a suspensão de mais ligações aéreas.
Na capital, prossegue a greve à recolha de lixo que se prolonga há mais de duas semanas, com milhares de toneladas de resíduos urbanos acumulados nas ruas e as centrais de incineração parisienses paradas.