A escalada do conflito no noroeste da Síria provocou a fuga de quase 50 mil pessoas das suas casas em poucos dias, anunciou segunda-feira a ONU, sublinhando a rápida evolução da situação.
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"Em 30 de novembro, mais de 48.500 pessoas tinham sido deslocadas, um aumento acentuado em relação às 14 mil registadas em 28 de novembro", afirmou o Gabinete das Nações Unidas para os Assuntos Humanitários (OCHA, na sigla em inglês), cujo responsável, Tom Fletcher, manifestou preocupação, no dia seguinte, com a situação de dezenas de milhares de pessoas em fuga.
"É preocupante. Dezenas de milhares de pessoas estão a ser deslocadas", comentou Tom Fletcher na rede social X.
Pela primeira vez desde o início da guerra civil na Síria, em 2011, o regime do presidente Bashar al-Assad perdeu o controlo total de Alepo, a segunda maior cidade do país, um revés esmagador infligido por uma coligação de grupos rebeldes.
Em resposta, aviões sírios e russos bombardearam as zonas detidas por estes grupos na província de Idlib, no noroeste da Síria e vizinha de Alepo, matando 15 civis, incluindo crianças, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).
O presidente do movimento da oposição síria no exílio, a Coligação Nacional Síria (CONFROS), Hadi al-Bahra, disse em Istambul, Turquia, que a ofensiva rebelde irá continuar até que o Governo do presidente sírio "se sente para negociar".
"A operação militar vai continuar até que o regime se sente para negociar. Temos força suficiente para lutar contra Assad", disse Al-Bahra, atualmente no exílio, numa conferência de imprensa transmitida pela estação de televisão turca Rudaw.
Uma coligação de grupos rebeldes liderados pelos islamitas do Hayat Tahrir al-Sham (HTS, a Organização pela Libertação do Levante, também conhecido como al-Qaeda na Síria) lançou na semana passada uma ofensiva relâmpago no norte da Síria e tomou controlo da maior parte de Alepo e de várias outras localidades, nomeadamente na província de Hama.
O número de mortos nos combates no norte da Síria subiu hoje para 514, entre os quais contam-se 268 combatentes do grupo islamita HTS e das fações rebeldes aliadas, 156 soldados e combatentes pró-governamentais e 92 civis, anunciou o OSDH, organização com sede no Reino Unido mas que dispõe de uma vasta rede de colaboradores no território sírio.