Cerca de 75 mil refugiados sudaneses no Sudão do Sul irão ficar este mês sem rações alimentares, uma vez que as cheias dificultam a entrega de ajuda ao campo onde estão alojados.
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A ONU diz que mais de 900 mil pessoas foram afetadas pelas inundações generalizadas no Sudão do Sul, mais do dobro do número registado em setembro.
"Em Maban, no estado do Alto Nilo, os camiões que transportam alimentos e artigos de primeira necessidade não podem chegar ao campo de refugiados de Doro porque a água está a bloquear as estradas", disse um porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), Boris Cheshirkov, num encontro com a comunicação social em Genebra.
Isto significa, explicou, que as rações alimentares de outubro não serão distribuídas aos 75 mil refugiados sudaneses que vivem no campo.
Em setembro, os camiões ficaram presos na estrada durante semanas. "As rações alimentares foram finalmente levadas para o campo, mas não há fundos suficientes disponíveis para repetir a operação", disse o porta-voz do ACNUR.
O Sudão do Sul é uma das operações mais subfinanciadas do ACNUR, recebendo menos de metade dos 214,8 milhões de dólares solicitados para o país este ano.
O país mais jovem do mundo, flagelado pela violência política e étnica e pela instabilidade crónica desde a sua independência do Sudão, em 2011, está a viver o seu quarto ano consecutivo de inundações.
Em Unity State, a cidade de Bentiu tornou-se "uma ilha rodeada por águas de cheias", disse Cheshirkov, acrescentando: "Todas as estradas de acesso e saída são intransitáveis e apenas os barcos e a pista de aterragem permitem que a ajuda humanitária chegue a 460 mil pessoas já deslocadas pelas cheias e conflitos".
O porta-voz explicou que estes deslocados estão em campos "abaixo do atual nível de água, protegidos das águas das cheias apenas por feixes - grandes montes de terra - erguidos pela ONU, pelo governo e pelas pessoas que vivem em Bentiu.
As pessoas estão a trabalhar dia e noite com bombas, baldes e escavadoras para conter a água e evitar o colapso dos diques, e a sua necessidade de alimentos, abrigo, água e abastecimento de saneamento está a crescer rapidamente à medida que os fornecimentos de bens básicos se esgotam, de acordo com o ACNUR.