O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, estará esta quinta-feira em Pequim para um encontro com o Presidente chinês, Xi Jinping, que enfrenta uma manifestações de proporções históricas contra as restrições sanitárias e a favor de mais liberdades.
Corpo do artigo
"Charles Michel foi convidado pelo Presidente Xi. Quando somos convidados pelo Presidente chinês, dizemos que não?", questionou um responsável europeu, citado pela agência France-Presse (AFP), em resposta às críticas de que esta viagem é "inadequada".
A política 'covid zero' da China, com grandes restrições, tem sido alvo de protestos em larga escala em várias cidades chinesas nos últimos dias, sendo o movimento mais difundido desde os protestos pró-democracia duramente reprimidos em 1989, o que já levou o principal órgão de segurança do país a pedir a "supressão" de "forças hostis".
O presidente do Conselho Europeu, instituição que representa os Estados-membros da União Europeia (UE), chega na quarta-feira à capital chinesa, antes dos encontros de quinta-feira com Xi Jinping, o primeiro-ministro Li Keqiang e o presidente da Comissão Permanente da Assembleia Popular Nacional (ANP).
A visita de Michel ocorre depois do chanceler alemão Olaf Scholz ter viajado para Pequim no início de novembro e depois do "debate estratégico sobre a China" realizado pelos chefes de Estado e de Governo da UE, durante uma cimeira em outubro, lembrou este responsável europeu.
Charles Michel "foi mandatado pelos Vinte e Sete e deu seguimento a um convite pessoal do Presidente Xi" durante a última cimeira do G20, acrescentou.
Durante a visita, onde pretende "manter um diálogo franco" com Xi Jinping, o presidente do Conselho Europeu vai "defender os interesses da UE" e "abordar as questões dos direitos humanos e das liberdades fundamentais", garantiu a mesma fonte.
"O momento desta visita é muito bem escolhido devido à crise económica e energética causada pela guerra na Ucrânia", observou este funcionário à AFP, realçando que Michel "exortará o presidente Xi a utilizar a sua influência para acabar com a agressão" da Rússia.
Além de explicar as sanções aplicadas pela UE à Rússia, os dois responsáveis também deverão abordar a pandemia de covid-19.
Esta deslocação diplomática decorre num momento de intensas discussões entre os europeus sobre como se posicionar face à China e também de crescentes tensões entre Washington e Pequim.
A UE procura reduzir o seu abismal défice comercial com este gigante asiático, vendo a China como "um parceiro, um concorrente económico e um rival sistémico", de acordo com a formulação adotada em 2019.
As relações deterioraram-se após a adoção pelos 27 Estados-membros, em 2021, de sanções após acusações de violações de direitos humanos na região chinesa de Xinjiang.