O funeral de Hugo Chávez, que deveria realizar-se hoje, foi adiado por pelo menos sete dias. O corpo, que será embalsamado, vai ficar no Museu Militar. Nicolas Maduro já trabalha como presidente-interino.
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Amaioria dos venezuelanos desejava que o corpo de Chávez fosse sepultado no Panteão Nacional, mas a Constituição determina que o local é destinado a "venezuelanos e venezuelanas que tenham prestado serviços eminentes à República, transcorridos 25 anos das suas mortes".
Só com uma emenda ao artigo constitucional, aprovada pelo Parlamento, o líder histórico poderia ser ali sepultado. Uma vez que não há tempo para os deputados deliberarem sobre o assunto, os restos mortais de Chávez serão depositados no Museu Histórico Militar. Embalsamado como Lenine, o líder histórico da União Soviética, como sublinhou o vice-presidente. Nicolas Maduro justificou a opção com o facto de todos os venezuelanos poderem, desta forma, prestar homenagem ao falecido.
Entretanto, e apesar da divisão interna sobre quem deve assumir o poder até às eleições, Nicolas Maduro já trabalha como presidente-interino. Na quarta-feira, foi ele quem assinou o decreto que determina sete dias de luto nacional e a bandeira nacional a meia haste.
Quinta-feira, a Oposição anunciou que Henrique Capriles será o seu candidato às presidenciais. O governador do estado de Miranda, de 40 anos, já tinha concorrido pela Mesa da Unidade Democrática nas eleições de outubro, mas perdeu para Hugo Chávez.
Enquanto se trava esta luta política, nas ruas, os venezuelanos choram o seu líder morto. Desde a tarde de quarta-feira que milhares de pessoas tentam chegar à urna de Hugo Chávez, que está em câmara-ardente na Academia Militar, em Caracas.
A urna está aberta até à zona da cintura com um tampo de vidro para que os seus simpatizantes possam ver o rosto uma última vez, mas não é permitido fotografá-lo.
Testemunhas contaram aos jornalistas que o antigo presidente tem vestido o uniforme militar, a faixa presidencial e a tradicional boina vermelha.
Junto do caixão está uma grande cruz dourada e uma espada de ouro, que simboliza a figura Simón Bolívar, o general venezuelano que libertou a América Latina do colonialismo espanhol.
Em declarações à France Press, o chefe da Guarda Presidencial contou que Chávez foi vítima de um ataque cardíaco fulminante. "Ele não podia falar, mas disse com os lábios 'Eu não quero morrer. Não me deixem morrer'", contou o general José Ornella.
No funeral de El Comandante estava prevista a presença de 22 líderes mundiais, parte dos quais já ontem estava em Caracas. Portugal será representado pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas. Pelo PCP, comparecerá Albano Nunes, do Comité Central.