A China acusou, esta quinta-feira, os Estados Unidos de espalharem desinformação e suprimirem a aplicação TikTok, após relatos de que Washington pediu aos seus proprietários chineses que vendam as participações na aplicação de partilha de vídeos.
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Os Estados Unidos não apresentaram evidências de que o TikTok constitui uma ameaça à sua segurança nacional e estão a usar a desculpa da segurança de dados para abusar do seu poder e reprimir empresas estrangeiras, acusou o porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês Wang Wenbin, em conferência de imprensa.
"Os EUA devem parar de espalhar desinformação sobre segurança de dados, parar de suprimir a empresa em questão e fornecer um ambiente aberto, justo e não discriminatório para empresas estrangeiras investirem e operarem no seu mercado", disse Wang.
O jornal "The Wall Street Journal" avançou, na quarta-feira, que o Comité para o Investimento Estrangeiro dos EUA, parte do Departamento do Tesouro, ameaçou banir a app do mercado norte-americano, a menos que os seus proprietários, a ByteDance Ltd., com sede em Pequim, venda a sua posição.
"Se proteger a segurança nacional é o objetivo, o desinvestimento não resolve o problema: uma mudança de propriedade não imporia novas restrições aos fluxos de dados ou acesso", reagiu Maureen Shanahan, porta-voz do TikTok.
Shanahan disse que o TikTok já atendeu às preocupações por meio de uma "proteção transparente dos dados de utilizadores" norte-americanos, com "monitoramento e verificação robustos por entidades terceiras".
O WSJ citou "pessoas familiarizadas com o assunto". O Departamento do Tesouro e o Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca recusaram comentar aquela informação.
No final de fevereiro, a Casa Branca deu às agências federais 30 dias para eliminar o TikTok de todos os dispositivos governamentais. Algumas agências, incluindo os Departamentos de Defesa, Segurança Interna e o Departamento de Estado já tinham restrições em vigor.
O Congresso aprovou o "No TikTok on Government Devices Act" em dezembro como parte de um amplo pacote de financiamento do governo. A legislação permite o uso do TikTok em certos casos, inclusive para fins de segurança nacional, aplicação da lei e pesquisa.
Os legisladores da Câmara dos Representantes e do Senado estão a avançar com legislação que daria ao governo de Joe Biden mais poderes para reprimir o TikTok.
O TikTok é usado por dois terços dos adolescentes nos EUA, mas há preocupação crescente de que Pequim possa obter controlo dos dados de utilizadores norte-americanos e que a 'app' sirva para difundir propaganda pró-Pequim.
A China proíbe a maioria das redes sociais estrangeiras no seu mercado, incluindo Facebook, Twitter, Instagram, YouTube e o próprio TikTok, que está presente no país através da versão doméstica, designada Douyin.