O Exército chinês anunciou três dias de manobras militares em resposta à visita da presidente de Taiwan aos EUA
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Desde hoje que o Exército de Libertação Popular tem em marcha manobras militares "de preparação para o combate" em torno da ilha de Taiwan. A operação musculada de Pequim, que se estende até segunda-feira, surge em resposta à deslocação, esta semana, da presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, aos Estados Unidos, onde teve um encontro de alto nível com o líder da Câmara dos Representantes, Kevin McCarthy.
"O Teatro de Operações Leste do Exército de Libertação Popular vai organizar entre 8 e 10 de abril um exercício de preparação para o combate, no Estreito de Taiwan, nas partes a Norte e a Sul da ilha, e no espaço aéreo a Leste da ilha de Taiwan", anunciou, em comunicado, o exército chinês, sem indicar, contudo, uma localização exata. Manobras que vão ainda incluir "patrulhas de polícia".
Na quinta-feira, Pequim já tinha, a propósito da visita de Tsai Ing-wen aos EUA - que regressou a Taiwan na sexta-feira -, acusado Washington de "concluio" com Taipé, tendo prometido "medidas resolutas e eficazes para salvaguardar a soberania e a integridade territorial".
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A televisão estatal chinesa, CCTV, referiu este sábado que os exercícios militares no Estreito de Taiwan visam "um cerco total" da ilha: "O exercício de hoje [ontem] concentra-se na capacidade de obter o controlo do mar, espaço aéreo e informações, para criar dissuasão e o cerco total" de Taiwan.
Segundo a CCTV, contratorpedeiros, lançadores de mísseis rápidos, aviões de combate, navios de abastecimento e outros meios militares estão mobilizados para estas manobras de bloqueio da ilha.
A líder de Taiwan reagiu hoje à operação em larga escala chinesa assinalando que a Formosa tem vindo a enfrentar o "expansionismo autoritário" da República Popular da China. "Nos últimos anos, temos enfrentado um contínuo expansionismo autoritário", disseTsai Ing-Wen, garantindo que Taiwan "vai continuar a trabalhar com os Estados Unidos e outros países para defender os valores da liberdade e da democracia".
Linha mediana cruzada
O Ministério da Defesa taiwanês referiu ter detetado 71 saídas de aviões de guerra do Exército de Libertação Popular, 45 das quais cruzaram a linha mediana - linha divisória não oficial no Estreito de Taiwan - entrando na zona de identificação de defesa aérea do Sudoeste da ilha, segundo o jornal South China Morning Post (SCMP), de Hong Kong.
O ministério referiu ainda que foram detetados nove navios de guerra, acrescentando que as forças da ilha "monitorizaram e responderam de perto".
"Isto é para enviar um sério alerta contra as forças separatistas de independência de Taiwan e o seu conluio com forças estrangeiras para alimentar provocações", disse o porta-voz do Comando do Teatro de Operações Leste, Shi Yi, citado pelo diário SCMP.
A agência estatal chinesa Xinhua informou, segundo o mesmo jornal, que as manobras incluíram ataques de curto alcance, dissuasão de longo alcance e exercícios antimísseis.
Horas antes do anúncio do Exército de Libertação Popular, a administração marítima da província chinesa de Fujian, junto ao Estreito de Taiwan, anunciou exercícios militares de fogo real em duas áreas da sua costa, que se manterão até 20 de abril.
Em Agosto passado, Pequim realizou manobras militares numa escala sem precedentes em seis áreas ao redor da Formosa, que se estenderam ao longo de semanas, depois de a anterior líder da Câmara dos Representantes do Congresso norte-americano, Nancy Pelosi, ter visitado a ilha, o que a China encarou como uma "provocação".