A China criticou, esta quarta-feira, a visita realizada a Taiwan por um alto funcionário do Pentágono e reafirmou que impôs sanções à Lockheed Martin e uma unidade da Raytheon por fornecerem equipamento de Defesa a Taipé.
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Questionado sobre a visita de Michael Chase, vice-secretário assistente de Defesa dos Estados Unidos encarregue da China, o porta-voz do Gabinete para os assuntos de Taiwan do Conselho de Estado chinês, Zhu Fenglian, disse que Pequim "opõe-se resolutamente a qualquer interação oficial e colaboração militar" entre os EUA e Taiwan.
Os esforços do Partido Democrático Progressista, atualmente no poder em Taiwan, para cimentar a independência da ilha com recurso a assistência estrangeira estão "fadados ao fracasso", disse Zhu.
China e Taiwan vivem como dois territórios autónomos desde 1949, altura em que o antigo governo nacionalista chinês se refugiou na ilha, após a derrota na guerra civil frente aos comunistas. Pequim considera Taiwan parte do seu território e ameaça a reunificação através da força, caso a ilha declare formalmente a independência.
Um porta-voz do Pentágono não comentou diretamente a visita de Chase, repetindo que o compromisso dos EUA com Taiwan é "sólido como uma rocha e contribui para a manutenção da paz e estabilidade no Estreito de Taiwan e na região".
O Ministério dos Negócios Estrangeiros de Taiwan disse também que não tinha informações sobre a visita de Michael Chase.
EUA e China atravessam um período de renovadas tensões, depois de Washington ter acusado Pequim de enviar um balão usado para espionagem, que foi abatido sobre a costa leste norte-americana. O secretário de Estado, Antony Blinken, cancelou uma viagem a Pequim após o incidente e disse, no fim de semana, que os Estados Unidos temem que a China forneça armas à Rússia para serem usadas na guerra na Ucrânia.
A China, que declarou uma amizade "sem limites" com a Rússia, recusou criticar as ações de Moscovo, culpando os EUA e a NATO por provocarem o Kremlin, e criticou as imposição de sanções ao país vizinho. A Rússia, por sua vez, apoiou fortemente a China na questão de Taiwan.
Numa visita a Moscovo, realizada na terça-feira, o principal diplomata do Partido Comunista, Wang Yi, disse que as relações entre Moscovo e Pequim são "sólidas como uma rocha" e que vão "resistir ao teste da volátil situação internacional".
Rússia e China têm uma "excelente oportunidade para continuar a estreita cooperação estratégica e os contactos bilaterais, visando proteger os nossos interesses estratégicos compartilhados", disse Wang.
Também esta semana, uma delegação de membros do Congresso dos EUA visitou Taiwan, onde reuniu, na terça-feira, com a líder do território, Tsai Ing-wen, que disse desejar reforçar a cooperação em questões de segurança e alterações climáticas.
Na segunda-feira, a delegação reuniu com o chefe da Assembleia Legislativa de Taiwan.
A delegação inclui os representantes Ro Khanna, do estado da Califórnia, Tony Gonzales, do Texas, Jake Auchincloss, de Massachusetts, e Jonathan Jackson, de Ilinóis.
Os legisladores norte-americanos reuniram também com o fundador da Taiwan Semiconductor Manufacturing Company, Morris Chang, considerado o pai da indústria dos semicondutores da ilha, que está agora a investir na produção nos EUA.
Khanna e Auchincloss são membros do novo comité da Câmara dos Representantes focada na competição com a China.
O ministro dos Negócios Estrangeiros de Taiwan, Joseph Wu, e o chefe do Conselho de Segurança Nacional, Wellington Koo, estiveram em Washington, na terça-feira, para o que se acredita serem reuniões no âmbito da segurança.
Eles foram filmados pela estação de televisão privada TVBS de Taiwan a entrar nos escritórios do órgão que os EUA usam para supervisionar as relações com Taiwan. Washington cortou as relações formais com Taipé, em 1979, para estabelecer laços com Pequim, mas continua a ser o principal aliado político e militar da ilha.
A China critica fortemente qualquer intercâmbio entre Taiwan e funcionários e representantes eleitos dos EUA e de outras nações democráticas. A campanha lançada pela China para isolar diplomaticamente Taiwan deixou o território com apenas 14 aliados formais, embora a ilha mantenha relações não oficiais robustas com dezenas de outros países.
Na semana passada, a China impôs sanções às fabricantes de equipamento de defesa norte-americanas Lockheed Martin e Raytheon Technologies, pela venda de armamento a Taiwan.
A Lockheed Martin e a Raytheon Missiles and Defense, unidade da Raytheon Technologies, passam assim a estar impedidas de vender para a China ou de fazerem novos investimentos no país, anunciou o Ministério do Comércio chinês, em comunicado.
As fabricantes foram adicionadas à lista de "entidades não confiáveis" - empresas cujas atividades são restringidas por poderem colocar em risco a soberania nacional, segurança ou interesses de desenvolvimento da China.