As Forças Armadas chinesas anunciaram hoje novas manobras em torno de Taiwan, envolvendo unidades do exército, marinha, aviação e força de foguetões, “num aviso sério às forças separatistas que procuram a independência da ilha”.
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“Estes exercícios centram-se principalmente em patrulhas de prontidão de combate mar - ar, ataques a alvos marítimos e terrestres e bloqueios em áreas-chave e rotas marítimas para testar a capacidade de operações conjuntas das nossas tropas”, afirmou, em comunicado, o Comando do Teatro Oriental de Operações do Exército de Libertação Popular.
Os exercícios foram realizados depois de o líder de Taiwan, William Lai Ching-te, considerado um “independentista” e um “desordeiro” pelo Governo chinês, ter apelidado a China de “força externa hostil” e anunciado iniciativas para travar as operações de “infiltração” de Pequim na ilha. Num dos seus discursos mais duros contra a China, William Lai anunciou 17 medidas, incluindo a restauração de tribunais militares e uma análise rigorosa das visitas de cidadãos chineses a Taiwan.
A China advertiu, ainda, que os esforços para promover a independência de Taiwan vão resultar em guerra. “A independência de Taiwan significa guerra e a promoção da independência de Taiwan significa empurrar o povo de Taiwan para uma situação perigosa de conflito armado”, declarou Zhu Fenglian, a porta-voz do Gabinete para os Assuntos de Taiwan - responsável pelas políticas do Partido Comunista Chinês em relação a Taiwan.
Taiwan é governada de forma autónoma desde 1949 e possui o seu próprio exército e um sistema político, económico e social, diferente do da República Popular da China, mas Pequim considera Taiwan uma “parte inalienável” do seu território.
A China intensificou nos últimos anos a pressão sobre o território, organizando com frequência exercícios militares de grande envergadura que simulam um bloqueio marítimo e aéreo da ilha.
Líder de Taiwan ordena “resposta rigorosa”
O Ministério da Defesa de Taiwan disse que detetou 19 navios nas últimas 24 horas e que está “a acompanhar de perto os movimentos do porta-aviões Shandong e de outros aviões e navios que entraram na zona de resposta de Taiwan”, afirmou em comunicado. Desde 29 de março que são monitorizados os movimentos do grupo de batalha do porta-aviões Shandong, que entrou na Zona de Identificação de Defesa Aérea de Taiwan na segunda-feira.
As Forças Armadas de Taiwan estão em alerta máximo e atuarão com base no princípio de “não escalar conflitos ou provocar disputas”, respondendo a incursões na “zona cinzenta” com cautela.
O líder de Taiwan, William Lai Ching-te, ordenou hoje aos departamentos de segurança e defesa que respondam “com rigor” às novas manobras militares da China em torno da ilha, informaram fontes oficiais.
Em comunicado, a porta-voz da presidência taiwanesa, Karen Kuo, sublinhou que todas as agências envolvidas mantêm “controlo total” sobre estes exercícios, que foram lançados hoje pelo Exército chinês como um “sério aviso” às “forças separatistas” que procuram a “independência” de Taiwan.
Kuo denunciou as recentes “ações unilaterais” de Pequim no Estreito de Taiwan e no Indo-Pacífico por “minarem a segurança e a estabilidade regionais”, aumentarem as tensões e desafiarem “descaradamente” a ordem internacional.
“O Gabinete Presidencial condena veementemente este comportamento, que levou a comunidade internacional a reconhecer amplamente a China como um causador de problemas”, afirmou Kuo, acrescentando que a paz e a estabilidade regionais são uma “responsabilidade partilhada” entre os dois lados do Estreito de Taiwan.
“A determinação de Taiwan em salvaguardar a paz e a estabilidade no Estreito de Taiwan mantém-se inalterada”, afirmou a porta-voz, instando a China “a regressar a uma ordem internacional baseada em regras e a contribuir para a segurança, a estabilidade e o desenvolvimento próspero da região”.