Chipre usado como porta de entrada para fortunas de oligarcas russos na União Europeia
Investigação coordenada pelo Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ) parte da maior fuga de informação financeira do Chipre e revela como oligarcas russos têm aproveitado a falta de autoridade do Banco Central Europeu sobre este estado-membro da UE para movimentar os seus bens.
Corpo do artigo
Os 3.6 milhões de documentos confidenciais, cedidos por uma fonte anónima ao ICIJ, datam de meados dos anos de 1990 até abril de 2022. O Chipre detinha um papel fundamental na movimentação das fortunas dos oligarcas – fosse para as esconder fora da Federação Russa, no caso de bens materiais, para as reinvestir na Rússia ou utilizando-as para atacar instituições democráticas no Ocidente. De acordo com a investigação, constam nos documentos o nome de 96 indivíduos sancionados pela União Europeia, dos quais 44 são pessoas politicamente expostas. Além disso, dos 104 bilionários russos identificados pela revista Forbes, em 2023, 67 estão envolvidos nesta rede, segundo esta investigação.
A filial cipriota da PwC, uma das maiores consultoras mundiais, teve um papel primordial nesta gestão de transações. Alexey Mordashov, empresário russo, conseguiu, um dia após ser sancionado, transferir um investimento de 1,4 milhões de dólares no maior operador turístico da Europa, Tui, para nome de outrem. Segundo o Ministério das Finanças do Chipre, existe uma investigação em curso relativa a esta transação, porém, na mesma altura, a PwC também terá viabilizado a transferência de 100 milhões de dólares para alguns dos principais financiadores de Putin, que o auxiliam a concretizar a guerra em solo ucraniano.