Eleição renhida com campanha plena de acusações definirá rumo em temas como o apoio a Kiev e o aborto.
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A Polónia escolhe hoje o próximo presidente, numa renhida segunda volta entre o autarca de Varsóvia, o candidato centrista pró-Europa Rafal Trzaskowski, e o historiador nacionalista de extrema-direita, Karol Nawrocki. O “choque de civilizações”, como alguns analistas descreveram este escrutínio, determinará o futuro do quinto país mais populoso da União Europeia, com 38 milhões de habitantes, em temas como o apoio à Ucrânia e até o aborto.
As sondagens apontam uma leve vantagem de Trzaskowski, que tem 48% das intenções de voto, segundo o agregador do portal Politico. Nawrocki aparece com 47%. Tais levantamentos ecoam a disputada primeira volta, a 18 de maio, em que o presidente da câmara da capital polaca conquistou 31,36% dos votos, enquanto o ex-diretor do museu da II Guerra Mundial em Gdansk angariou 29,54%.
Trzaskowski é do partido Plataforma Cívica, o mesmo do primeiro-ministro Donald Tusk, e espera que a afluência às urnas seja alta, como nas legislativas de 2023. O chefe de Governo polaco chegou a acusar o candidato opositor de ter ligações com prostitutas e com gangsters – alegações que Nawrocki classifica como falsas.
Acusando os rivais de “prostituição política”, o historiador, que nunca foi eleito para um cargo e que não tem partido, conta com o apoio do Partido Lei e Justiça (Pis), do atual presidente, Andrzej Duda. O desempenho acima do esperado pela extrema-direita na primeira volta deverá ajudar Nawrocki na segunda ronda.
Decisivo para Tusk
“Eu teria cuidado ao rebentar o champanhe na noite de domingo”, antecipou a especialista política Anna Materska-Sosnowska à agência France-Presse, qualificando a eleição como “um verdadeiro choque de civilizações”. Uma vitória de Trzaskowski pode significar um alívio para o Executivo de Tusk, já que a mudança no cargo com poder de veto sobre as novas leis permitiria alterações como a introdução da união civil para casais homossexuais e uma abertura da restritiva legislação relativa à interrupção voluntária da gravidez.
Caso Nawrocki vença, novas legislativas são um cenário no horizonte político de Varsóvia. Próximo de Donald Trump, o político de extrema-direita opõe-se à adesão de Kiev à NATO e quer retirar apoios aos cerca de um milhão de refugiados ucranianos na Polónia. O historiador encerrou, inclusive, a campanha eleitoral num monumento dedicado aos polacos mortos por nacionalistas da Ucrânia na II Guerra, os quais considera vítimas de um “genocídio”.